Os Estados Unidos elogiaram o acordo alcançado neste sábado (26) no México entre o governo venezuelano e a oposição, que permitiu o alívio imediato das sanções de Washington à Caracas.
— Juntamo-nos à comunidade internacional e saudamos a retomada das negociações entre as duas partes, após quase um ano e meio de paralisação — declarou uma autoridade do alto escalão do governo dos EUA sobre as negociações relançadas no México.
A fonte destacou que o acordo representa "passos importantes na direção certa" na Venezuela, que recebeu minutos depois um alívio das sanções com a autorização de Washington para que a Chevron retome parcialmente atividades de extração de petróleo no país caribenho.
De acordo com o Departamento do Tesouro, a Chevron pode retomar parcialmente as atividades da empresa da qual é co-proprietária com a estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA), desde que com a garantia de que "a PdVSA não receberá nenhuma receita com as vendas de petróleo feitas pela Chevron".
Em comunicado, a Chevron confirmou ter recebido autorização para retomar parcialmente as operações e reiterou o "compromisso de desenvolver a nossa atividade dentro do quadro regulamentar imposto" para "seguir sendo uma presença construtiva no país".
A medida "reflete a política de longo prazo dos EUA que visa um levantamento das sanções sujeito a progressos concretos" que diminuirão o sofrimento do povo venezuelano e permitirão "apoiar o retorno da democracia" à Venezuela, comentou o Tesouro. O Departamento de Estado, por sua vez, informou que as demais sanções continuam em vigor e que os Estados Unidos continuarão a aplicá-las "vigorosamente".
Em comunicado conjunto, os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá "saudaram a decisão de retomar o diálogo" entre as duas partes, a quem pediram que demonstrem "boa vontade para chegar a um acordo global que conduza à realização de eleições livres e justas em 2024, a reabilitação das instituições democráticas e o fim da crise humanitária na Venezuela".
Também asseguraram sua "disposição para revisar o pacote de sanções caso haja avanços substanciais por parte do regime" de Caracas.
Repercussão
Opositor feroz de um relaxamento da pressão contra Caracas, o influente senador democrata Bob Menéndez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, estimou que o acordo deste sábado é "um passo urgente e necessário para enfrentar a miséria e o sofrimento do povo venezuelano".
Acrescentou, no entanto, que "não tem ilusões" sobre a "vontade repentina" do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de agir "no melhor interesse de seu povo" e que se ele busca usar as negociações "para ganhar tempo" e "consolidar ainda mais sua ditadura criminosa, os Estados Unidos e seus parceiros internacionais devem retornar com força total às sanções".
O também senador Rick Scott, do Partido Republicano, enfatizou que "não há cenário em que os Estados Unidos devam negociar com bandidos como Maduro e seu regime vil".
Crise na Ucrânia
Maduro e Washington tiveram contatos diretos após a invasão da Ucrânia pela Rússia e seu impacto nos preços do petróleo. O governo americano já admitiu publicamente que o petróleo venezuelano pode ser útil num mercado internacional com preços elevados e contexto de forte inflação nos Estados Unidos devido, em grande medida, ao aumento dos preços dos combustíveis.
A Venezuela está há anos sob sanções dos EUA e da Europa, adotadas para promover a saída de Maduro do poder, mas que ao mesmo tempo agravaram a crise econômica que atinge o país sem alcançar os resultados desejados. O atual pacto entre governo e oposição liberaria recursos venezuelanos bloqueados no exterior, segundo Caracas, que não especificou onde estão esses recursos ou seu valor.