Imagens feitas por satélite pela empresa Maxar Technologies mostram que longas filas — de até 16 quilômetros — de carros se formaram nas fronteiras da Rússia com a Geórgia e com a Mongólia. Os russos estão deixando o país e indo em direção aos países vizinhos para evitar a convocação para lutar na guerra da Ucrânia.
O plano do presidente Vladimir Putin é convocar 300 mil reservistas para reforçar as tropas russas na guerra na Ucrânia. A mobilização foi anunciada no dia 21 de setembro. Não há dados precisos a respeito do tamanho do êxodo para outros países.
Cenas como as da fronteira da Rússia com a Geórgia e a Mongólia também ocorreram nas divisas com o Casaquistão e a Finlândia. A Rússia não fechou suas fronteiras, e os guardas, aparentemente, deixam as pessoas saírem do país.
A fila de carros e caminhões tentando sair se formou em um ponto de passagem no lado russo da fronteira, segundo a empresa norte-americana Maxar Technologies, que divulgou as fotos na segunda-feira (26).
"O engarrafamento provavelmente continuou mais ao norte da área fotografada", informou a empresa, que tem sede nos Estados Unidos. Fotos aéreas da empresa mostram veículos serpenteando em outra longa fila perto da fronteira da Rússia com a Mongólia.
Essa é a primeira mobilização de reservistas da Rússia desde a Segunda Guerra. A confusão sobre quem poderia ser convocado também levou milhares de pessoas a fugir, juntamente com o medo de que as fronteiras da Rússia pudessem ser fechadas para homens em idade militar.
Eles não têm muitas opções se não quiserem se deslocar para a Ucrânia. As nações bálticas fecharam suas fronteiras terrestres. Nos últimos dias, pilhas de bicicletas abandonadas perto de postos de fronteira apareceram em imagens que circulam em redes sociais.
A agência de notícias russa TASS disse que mais de 5 mil carros estavam esperando por horas na fronteira com a Geórgia nesta terça-feira (27). No domingo (25), a espera para entrar na Geórgia chegou a 48 horas. O país permite que cidadãos russos entrem sem visto.
Os voos para fora da Rússia se esgotaram e os carros se acumulam nos postos de fronteira. As passagens aéreas que partem de Moscou estão esgotadas ou têm poucas disponíveis (a preços astronômicos).
No Casaquistão, o presidente Kassym-Jomart Tokayev disse nesta terça que seu país conversaria com Moscou sobre o influxo e buscava "manter um acordo com os países vizinhos". Ele chamou de "situação difícil", mas disse que não havia motivo para pânico depois que dezenas de milhares de travessias de cidadãos russos foram relatadas nos últimos dias.
As autoridades finlandesas disseram ter visto um aumento de quase 80% nas entradas da Rússia após a mobilização, mas a Guarda de Fronteira finlandesa também disse na terça-feira que "a maioria das chegadas segue para outros países".
O Kremlin descreveu os relatos de um êxodo como exagerados, apesar dos crescentes sinais de reação à mobilização.