O Quirguistão anunciou nesta sexta-feira (16) um cessar-fogo com o Tadjiquistão após uma escalada da violência na fronteira entre essas duas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, que deixou mais de 30 feridos.
O presidente do Quirguistão, Sadyr Khaparov, e o presidente do Tadjiquistão, Emomali Rakhmon, reuniram-se à margem da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), em que participam no Uzbequistão, e "concordaram em instruir as instituições ao cessar-fogo e retirar as forças e equipamentos da linha de contato", de acordo com um comunicado da presidência do Quirguistão.
Um pouco antes, o serviço de guarda de fronteira do Quirguistão anunciou em nota que os chefes dos comitês de segurança nacional do Quirguistão e do Tadjiquistão chegaram a um acordo de cessar-fogo às 16h (horário local) desta sexta-feira.
Embora os confrontos sejam frequentes na fronteira entre os dois países, que têm uma disputa territorial há anos, os últimos ilustram uma notável escalada da violência.
A Rússia expressou "preocupação" com a situação e instou os dois lados a tomar "medidas urgentes" para acabar com a escalada.
Segundo o Quirguistão, o Tadjiquistão bombardeou nesta sexta-feira a cidade fronteiriça de Batken, localizada ao sudoeste do Quirguistão, em uma área disputada por ambos os países.
"A área ao redor do aeroporto de Batken e os arredores da cidade foram atacados por vários sistemas de lançamento de foguetes. A infraestrutura civil na cidade de Batken foi destruída", disse a guarda de fronteira do Quirguistão em comunicado.
O ministério da Saúde do Quirguistão informou que 31 pessoas estavam hospitalizadas. Quatro militares sofreram "feridas com armas de fogo", apontaram as autoridades regionais.
Antes do anúncio do cessar-fogo, o Comitê Estatal de Segurança Nacional do Quirguistão informou nesta sexta-feira confrontos "intensos e violentos" na área de fronteira, e acusou o Tadjiquistão de "bombardear o território quirguiz com todo seu arsenal disponível" e de continuar enviando "equipamento pesado".
- Fuga de civis -
Os habitantes de várias cidades fronteiriças fugiram da zona de combate, segundo as autoridades do Quirguistão.
Por sua vez, o Tadjiquistão, um país autoritário, acusou as forças quirguizes de terem atacado com morteiros e metralhadoras uma cidade fronteiriça de seu país nesta sexta pela manhã.
A agência Ria Novosti informou "dois guardas fronteiriços mortos, seis feridos e seis civis atingidos por estilhaços".
De acordo com a diplomacia do Quirguistão, os ministros das Relações Exteriores de ambos os países mantêm negociações para tentar acalmar a situação.
Os confrontos entre os dois países no início desta semana deixaram dois guardas fronteiriços do Tadjiquistão mortos e vários feridos dos dois lados.
As duas ex-repúblicas soviéticas têm uma relação tensa por questões territoriais que abarcam quase metade dos 970 quilômetros de fronteira comum e pelo acesso à água.
Em 2021 foi registrado um número sem precedentes de confrontos entre os dois países, que deixaram mais de 50 mortos e geraram temores de que o conflito poderia se prolongar.
* AFP