O brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, detido na Argentina pelo atentado à vice-presidente Cristina Kirchner, na quinta-feira à noite (1º), teve o seu o último domicílio no país vasculhado pela polícia federal argentina. Segundo apurado, Sabag morava há oito meses em um pequeno apartamento conjugado no município de San Martín, região da grande Buenos Aires, com uma namorada argentina. Conforme relatório policial, foram encontradas no local duas caixas de munições da marca Magtech, calibre 9mm, que continham cem balas. Os investigadores também apreenderam um computador laptop e documentos pessoais de Sabag e familiares. As informações são do jornal O Globo.
Acusado de tentativa de homicídio agravado, Fernando Andrés Sabag Montiel, que já possui antecedentes criminais, está sendo interrogado e pessoas com quem trocou mensagens no celular estão sendo chamadas para depor, em busca de cúmplices no atentado. O inquérito é conduzido pela juíza federal María Eugenia Capuchetti e o promotor federal Carlos Rívolo. Sabag será interrogado nesta sexta diante dos dois. Depois do depoimento à Justiça, o homem deve ser conduzido a uma prisão federal. O brasileiro está no momento na Superintendência de Investigações da Polícia Federal, na capital da Argentina.
O proprietário do pequeno apartamento confirmou que Sabag morava no local, de aluguel, com uma namorada argentina, há apenas oito meses. As forças de segurança também encontraram um certificado para poder circular durante a pandemia, já que Fernando trabalhava como motorista de aplicativo, uma radiografia dental e outro certificado oficial por algum tipo de deficiência, que não foi especificada. Também foram recolhidos documentos da namorada dele.
As munições encontradas serão submetidas a uma perícia, assim como a arma usada por Sabag, uma Bersa, cujo calibre ainda não foi confirmado.
Segundo o jornal La Nación, em 17 de março do ano passado o homem foi detido por porte de arma. Na ocasião, foi abordado por estar estacionado com um veículo sem a placa traseira. Ele alegou que a placa caiu "devido a um acidente de trânsito ocorrido dias atrás". Quando ele se abriu a porta para pegar a documentação do carro, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão. Ele teria alegado que o instrumento serviria para defesa pessoal.
Nas redes sociais já delatadas do brasileiro, páginas como "Comunismo Satânico", "Ciências Ocultas Herméticas" e "Coach Antipsicopata", além de inúmeros grupos de ódio ligados à ideologia neonazista eram seguidas por Sabag Montiel.
O brasileiro também postou vídeos de aparições em programas de TV, seja criticando programas do governo de auxílio financeiro ou a nomeação do ministro Sergio Massa, da Economia. Sabag também gostava de ser chamado de "Salim" e se gabava de ser crítico ferrenho do atual governo argentino e da família Kirchner.
Filho de um chileno e uma argentina, Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, vive na Argentina desde 1993. O pai dele, Fernando Ernesto Montiel Araya, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal para expulsão do Brasil em 2020. O procedimento teria sido instaurado porque Araya tinha uma sentença penal condenatória no país de origem.