"A rainha morreu. Viva o rei!"
Foi olhando para frente que a premier Liz Truss — no cargo há apenas três dias — terminou na quinta-feira (8) o discurso sobre a morte de Elizabeth II. A escolha das palavras reflete o desafio não só de seu governo, mas também do futuro monarca, o rei Charles III, cuja coroação ainda não tem data, mas pode levar "alguns meses".
A morte da rainha marca o fim de uma era em um país que enfrenta a pior crise econômica em 40 anos. A inflação chegou aos dois dígitos e o custo de vida está nas alturas. Parte do problema está no reaquecimento da demanda pós-pandemia e na guerra na Ucrânia, mas é também um reflexo do Brexit.
A rainha também deixa um reino à beira da fragmentação. Enquanto os nacionalistas escoceses se preparam para um novo referendo de independência, a Irlanda do Norte escorrega na direção da reunificação com a Irlanda, caso o governo de Truss não consiga renegociar o acordo de saída da União Europeia.
Outro desafio do rei será manter unida a comunidade britânica. Sem o mesmo carisma da mãe, Charles é impopular em várias partes do mundo. O movimento republicano australiano, por exemplo, ganhou força nos últimos anos e sugeriu uma mudança do sistema de governo assim que houvesse a troca no Palácio de Buckingham.