Cinco dias após o ataque fracassado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, as motivações do autor ainda são desconhecidas, mas seu entorno e namorada são investigados.
Como ocorreu o atentado?
Pouco antes das 21h de quinta-feira, Cristina Kirchner, de 69 anos, voltava para casa do Senado, que preside. Em frente à residência dela, um grupo de simpatizantes a esperava para expressar apoio.
Enquanto ela cumprimentava os apoiadores e assinava exemplares de seu livro Sinceramente, um braço surgiu apontando uma arma, a menos de um metro da cabeça dela. Em meio à confusão, Kirchner pareceu não se dar conta do que ocorreu e continuou seus autógrafos.
Os apoiadores seguraram o agressor. A arma foi encontrada no chão e levada pela polícia. O material genético dele foi encontrado em partes da pistola, segundo uma fonte da investigação.
O agressor usou uma Bersa calibre 32, apta para ser acionada. Havia cinco balas, mas nenhuma disparou. O agressor aparentemente acionou o gatilho e ainda não se sabe por que a bala não saiu. Cem balas de 9 mm foram encontradas na casa do suspeito.
Quem é o agressor?
O agressor foi identificado como Fernando Andrés Sabag Montiel de 35 anos, nacionalidade brasileira, filho de uma argentina e um chileno. Vive desde criança na Argentina.
Não tem emprego formal conhecido, mas já trabalhou como motorista de aplicativo. Nos últimos tempos, vendia algodão-doce ao lado da namorada.
Em 2021, foi denunciado por porte ilegal de arma branca, mas o processo foi arquivado.
Nas redes sociais, aparece em selfies com visuais diferentes: cabelos curtos, longos, com e sem barba, com e sem brincos, exibindo tatuagens relacionadas a símbolos nazistas.
Segundo o advogado de Kirchner, Gregorio Dalbón, o agressor não atuou sozinho.
— Posso adiantar que há mais pessoas implicadas (...) não são pessoas públicas — afirmou.
Em que ponto estão as investigações?
A ocorrência foi enquadrada como tentativa de homicídio qualificado e está sob segredo de Justiça, nas mãos da magistrada María Eugenia Capuchetti e do promotor Carlos Rívolo.
A juíza ouviu o depoimento da vice-presidente, que pediu para ser querelante na causa. Cerca de 30 testemunhas, policiais e seguranças foram ouvidos. O detido se negou a depor.
O celular do agressor, já em mãos dos investigadores, aparentemente foi bloqueado antes que os dados fossem resgatados, o que gerou polêmica. Os cartões SIM e a memória externa estão em análise.
A namorada de Sabag, Brenda Uliarte de 23 anos, foi presa na noite de domingo em uma estação de trem em Buenos Aires. O telefone dela também está em análise.
Ela foi identificada nos vídeos perto do local onde Sabag Montiel atacou a vice-presidente, ao contrário do que declarou. Em depoimento em Telefé, após o atentado, a jovem afirmou que não viu o namorado nas 48 horas antes do ataque.
A tia dela, Sandra, declarou nesta terça à imprensa que a jovem "não seria capaz de fazer isso" e que foi manipulada. Quatro amigos do casal testemunharam e os celulares deles também estão sob investigação.