Em um mundo atormentado por crises, os líderes do planeta se sucederão a partir desta terça-feira (20) na tribuna de uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) profundamente dividida.
Ao longo de uma semana, cerca de 150 chefes de Estado, Governo e ministros das Relações Exteriores de todo o mundo participarão deste grande evento diplomático anual que está sendo realizado presencialmente pela primeira vez em dois anos depois do início da pandemia de covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro abrirá a série de discursos. Tradicionalmente, ele é seguido pelo colega americano, Joe Biden, mas excepcionalmente o discurso do presidente dos Estados Unidos foi adiado para quarta-feira (21) devido à presença dele no funeral da rainha Elizabeth II em Londres.
Os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro, estão entre os primeiros a discursar no fórum, juntamente com o paraguaio Mario Abdo Benítez, o turco Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e o chanceler alemão Olaf Scholz.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, será o responsável pela abertura desta 77ª Assembleia Geral.
Seu porta-voz, Stéphane Dujarric, anunciou que "não vai adoçar as coisas" e enfatizará a necessidade de "soluções" para um mundo "em que as divisões geopolíticas nos colocam em perigo".
— Nos encontramos em um momento de grande perigo para o mundo — disse Guterres na segunda-feira, evocando "conflitos e catástrofes climáticas", "desconfiança e divisão", "pobreza, desigualdade e discriminação".
A invasão russa da Ucrânia será inevitavelmente o principal tema da assembleia, como disse o chefe da diplomacia europeia, José Borrell. Na quarta-feira, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky discursará por vídeo, graças à autorização especial votada na semana passada pelos Estados-membros.
Uma reunião ministerial do Conselho de Segurança está marcada para quinta-feira (22). A União Europeia, principal vítima da crise energética gerada pela resposta da Rússia às sanções ocidentais, quer reverter a "propaganda russa e sua narrativa enganosa".
A América Latina, por sua vez, tenta estabelecer uma posição conjunta sobre o conflito que provocou a disparada dos preços dos alimentos e, portanto, a insegurança alimentar na região.
Para tentar responder às preocupações de alguns países, americanos e europeus organizam na terça-feira uma reunião de alto nível sobre insegurança alimentar, consequência da guerra que afeta todo o planeta. Os países do Hemisfério Sul estão cada vez mais fartos de ocidentais concentrando sua atenção na Ucrânia.
— Não queremos apenas falar sobre o fim do conflito na Ucrânia. Queremos ver o fim dos conflitos em Tigré, na Síria, onde quer que surjam no mundo — disse a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, em uma reunião dedicada aos objetivos de educação e desenvolvimento.