O papa Francisco pediu nesta sexta-feira (26) à Coreia do Norte que o convide para visitar o país, em uma entrevista a um canal de televisão sul-coreano na qual afirmou que não desperdiçará nenhuma oportunidade de trabalhar pela paz.
— Quando convidarem, e isso é o mesmo que dizer "por favor me convidem", não direi não — declarou o Papa à emissora estatal sul-coreana KBS.
— O objetivo nada mais é que a fraternidade — acrescentou o pontífice de 85 anos.
A possibilidade de uma visita papal à Coreia do Norte foi estudada em 2018, quando o então presidente sul-coreano, Moon Jae-in, estabeleceu contatos com o líder norte-coreano Kim Jong-un. Moon, católico, afirmou durante um encontro de cúpula que Kim afirmou que o Papa seria recebido em seu país "com entusiasmo".
Francisco disse na ocasião que gostaria de viajar à Coreia do Norte se recebesse um convite oficial. Mas os contatos entre Pyongyang e Seul foram interrompidos após o fracasso da segunda reunião entre Kim e o então presidente americano Donald Trump em fevereiro de 2019.
As relações entre as duas Coreias, separadas desde o fim da guerra 1950-1953, pioraram após a posse do novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, em maio. Suk-yeol propôs um plano de ajuda econômica ao Norte em troca da desnuclearização do país, mas o regime comunista de Kim Jong Un rejeitou a ideia.
A Coreia do Norte acusou o Sul de ser responsável pelo surto de coronavírus que afetou o país em maio e ameaçou "apagar do mapa" as autoridades de Seul como forma de represália.
O Norte executou um número recorde de testes de armas em 2022, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental pela primeira vez desde 2017. O Papa já pediu em várias ocasiões que os coreanos "trabalhem pela paz".
— Vocês, o povo coreano, sofreram com a guerra — reiterou na entrevista exibida nesta sexta-feira.
A liberdade religiosa está contemplada na Constituição da Coreia do Norte, mas, na prática, qualquer atividade religiosa está proibida. O regime de Pyongyang já permitiu vários projetos de ajuda de organizações católicas, mas não tem relações diretas com o Vaticano.
Quando o papa Francisco visitou a Coreia do Sul em 2014, ele celebrou uma missa especial consagrada à reunificação das duas Coreias.