O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com uma ação judicial nesta segunda-feira (22) exigindo que um tribunal indique uma parte independente para examinar os arquivos que o FBI apreendeu em mansão na Flórida. Afirmando ser alvo de uma investigação por motivos políticos, Trump pediu que um "especialista" fosse nomeado para revisar as mais de duas dúzias de caixas de arquivos apreendidas na operação sem precedentes de 8 de agosto.
O especialista — que não atuaria sob a direção do Departamento de Justiça, que ordenou a operação — avaliaria os documentos e determinaria quais deles poderiam ser retidos pelo ex-presidente como "privilegiados" ou protegidos de uso em investigações.
— A invasão, busca e apreensão em Mar-a-Lago foi ilegal e inconstitucional, e estamos tomando as medidas necessárias para recuperar esses documentos — disse Trump em comunicado. — Eles apreenderam documentos protegidos pelo privilégio advogado-cliente e pelo privilégio executivo — acrescentou.
O mandado do FBI dizia que Trump era suspeito de pegar ilegalmente documentos altamente confidenciais e gravações oficiais da Casa Branca e se recusou a devolver. Além da possível violação de leis de registros altamente confidenciais, o Departamento disse que esses materiais também são essenciais para outras investigações federais em andamento.
Os procedimentos que podem implicar o ex-presidente incluem a ampla investigação sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por apoiadores de Trump e outra investigação sobre os esforços de seus apoiadores para manipular os resultados das eleições presidenciais de 2020.
A nomeação de um especialista poderia impedir os investigadores de acessar os documentos, especialmente se a tese de Trump de que a maioria eram documentos privilegiados for aceita. Além disso, poderia interferir se o Departamento de Justiça considerar acusar Trump de obstruir as investigações, recusando-se a divulgar esses documentos.
A queixa foi apresentada não em um tribunal federal em Fort Lauderdale, Flórida, onde a ordem original foi emitida, mas em uma corte mais distante em Fort Pierce, onde o único juiz foi nomeado por Trump.
Trump "é o claro favorito nas primárias republicanas e nas eleições gerais de 2024, caso decida concorrer", acrescenta o processo, sugerindo que a operação do FBI foi motivada politicamente.