O ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos faleceu por causas naturais na última sexta-feira (8), em Barcelona, na Espanha, conforme os primeiros resultados da necropsia solicitada por uma filha - informou uma fonte próxima ao caso à AFP, nesta terça-feira (12).
Os resultados preliminares da necropsia falam de uma "morte natural", com problemas de "insuficiência cardíaca" e uma "superinfecção pulmonar", descreveu esta fonte, que pediu para não ser identificada, acrescentando que devem ser feitas análises complementares.
Contatada pela AFP, uma porta-voz do tribunal de Barcelona confirmou que os médicos legistas entregaram um relatório provisório, mas não revelou o conteúdo. Realizada no fim de semana, a necropsia foi solicitada por Tchizé dos Santos, filha do ex-presidente, que considerou a morte suspeita.
Dos Santos morreu aos 79 anos na sexta-feira, na clínica de Barcelona em que estava internado desde 23 de junho, quando sofreu uma parada cardíaca. O ex-chefe de Estado abandonou Angola e se mudou para a cidade espanhola em abril de 2019, oficialmente por motivos de saúde.
Tchizé apresentou uma queixa na Espanha pouco antes da morte do pai por "tentativa de homicídio", acusando o médico pessoal e a última esposa dele, Ana Paula, de serem responsáveis pela deterioração da saúde de Dos Santos.
"Ana Paula não visitou Dos Santos em Barcelona desde sua separação em 2017 até o último mês de abril de 2022", afirmou Tchizé em um comunicado divulgado no sábado (9) pelos advogados dela.
Desde que ela chegou em Barcelona e se instalou na casa de José Eduardo dos Santos, a saúde do ex-líder "piorou gravemente", acrescentou.
O ex-presidente "manifestou o desejo de ser enterrado em uma cerimônia íntima na Espanha, não em Angola com um funeral de Estado que poderia favorecer o atual governo", insistiu a filha, no comunicado.
O atual presidente angolano, João Lourenço, sucessor de Santos, surpreendeu a todos ao iniciar uma ampla campanha contra a corrupção da família de seu antecessor, assim que chegou ao poder.
O chefe de Estado angolano decretou sete dias de luto nacional, até sexta-feira (15), mas ainda não anunciou um funeral em Angola.