O ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos faleceu, nesta sexta-feira (8), aos 79 anos, em um hospital de Barcelona, na Espanha, onde estava internado desde 23 de junho após uma parada cardíaca, anunciou o governo de Angola.
"O governo angolano informa com grande pesar e consternação o falecimento de Santos", afirma um comunicado divulgado no Facebook.
O Executivo angolano "curva-se, com o maior respeito e consideração", diante desta figura "histórica" que "presidiu com clareza e humanismo o destino da nação angolana durante anos muito difíceis", acrescenta o comunicado.
O governo decretou cinco dias de luto nacional a partir de sábado para honrar a memória de Santos. No início da semana, uma de suas filhas, Tchizé dos Santos, apresentou uma denúncia à polícia por uma suposta tentativa de assassinato do pai.
"A filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos, que está hospitalizado na clínica Teknon de Barcelona em coma induzido, apresentou (...) uma denúncia para que se investigue a suposta prática do crime de tentativa de homicídio", informaram os dois escritórios de advocacia de Barcelona que assessoram a filha do ex-presidente.
Tchizé dos Santos apontou como responsáveis pelo agravamento do estado de saúde do pai a mulher do ex-presidente, Ana Paula, e seu médico particular, segundo fontes próximas. Nesta sexta-feira, ela pediu que o corpo de seu pai seja submetido a uma autópsia.
"O corpo do ex-presidente deve ser conservado e não deve ser entregue antes de passar por uma autópsia, por medo de que seja transferido para Angola", afirmou a filha nesta sexta em nota enviada à AFP.
Depois de governar a ex-colônia portuguesa durante 38 anos, José Eduardo dos Santos designou como sucessor em 2017 o ex-ministro da Defesa João Manuel Gonçalves Lourenço. Aquele que foi seu fiel aliado, no entanto, deu início a uma campanha para recuperar os milhões de dólares que Santos supostamente teria desviado para enriquecer sua família.
Uma das filhas de Santos, Isabel, é considerada a mulher mais rica da África e alguns de seus filhos também participaram em negócios lucrativos neste país de 33 milhões de habitantes que, apesar das grandes reservas de petróleo, é um dos mais pobres do continente.