O julgamento dos atentados terroristas que mataram 130 pessoas em novembro de 2015 em Paris e Saint-Denis terminou nesta segunda-feira (27), após quase 10 meses de processo. Os acusados falaram pela última vez, incluindo o único integrante vivo dos comandos que deixaram um rastro de sangue no Stade de France, ao norte de Paris, em bares da capital francesa e na casa de espetáculos Bataclan. O veredito deve ser anunciado na quarta-feira (29) à tarde.
— Cometi erros, é verdade, mas não sou um assassino e se for condenado por assassinatos, vocês cometeriam uma injustiça — disse ao tribunal Salah Abdeslam, que pode ser condenado à prisão perpétua sem direito a liberdade condicional, a maior pena previsa pela justiça da França.
Na última sexta-feira, durante as alegações finais, os advogados afirmaram que a prisão perpétua seria "uma pena de morte social" e uma sentença excessiva. Eles destacaram que Abdeslam renunciou a explodir a carga presa ao seu corpo na noite do ataque.
— Alguns dirão que não são sinceras, que é uma estratégia (...) como se as desculpas pudessem ser insinceras diante de tanto sofrimento — disse o francês de 32 anos ao pedir desculpas aos sobreviventes e parentes das vítimas.
Os outros réus também insistiram nos "arrependimentos" e pedidos de desculpas. Alguns expressaram condolências às vítimas e agradeceram a seus advogados. Muitos afirmaram confiar na justiça.
— A audiência foi suspensa e será retomada na quarta-feira 29 de junho de 2022 a partir das 17h (12h de Brasília), quando se espera o veredito — anunciou o juiz Jean-Louis Périès, ao final do 148º dia do processo.
Os atentados de 2015 aconteceram em um contexto de ataques na Europa, enquanto uma coalizão internacional lutava contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. Milhares de sírios chegavam por sua vez ao continente europeu para fugir da guerra em seu país. As penas solicitadas contra os 20 acusados vão de cinco anos de prisão até prisão perpétua sem liberdade condicional para Abdeslam e dois ex-dirigentes do grupo Estado Islâmico, que são considerados mortos.