O corpo de John McAfee, criador do primeiro antivírus comercial, continua em um necrotério de Barcelona, na Espanha, um ano depois de sua morte. De acordo com as autoridades, o motivo seria porque a família pediu que fosse realizada uma nova investigação sobre a causa do óbito do magnata, que faleceu na prisão sob circunstâncias misteriosas. A Justiça espanhola ainda está decidindo se aceitará o recurso para reabertura do caso.
Fontes do Departamento de Justiça da região da Catalunha confirmaram à AFP que o cadáver de John permanece no depósito do Instituto Médico Legal de Barcelona. O corpo do empresário foi levado para lá pouco depois da tarde de 23 de junho de 2021, quando o magnata foi encontrado morto em sua cela na prisão de Brians 2, a cerca de 40 quilômetros da capital espanhola. Tudo apontava para um aparente suicídio, o que foi confirmado depois com a única necropsia realizada até o momento.
Janice McAfee, esposa do magnata, no entanto, nunca acreditou que ele, na época com 75 anos e que, horas antes de sua morte, teve sua extradição aos Estados Unidos autorizada pela Justiça espanhola, tivesse decidido tirar a própria vida. Por conta disso, ela solicitou mais diligências, ao considerar a primeira necropsia incompleta, segundo explicou o seu advogado, Javier Villalba. Diante da recusa do juiz de instrução, e com o objetivo de reabrir a investigação, a família interpôs um recurso que ainda está pendente de resolução na Audiência Provincial de Barcelona.
"Hoje (23 de junho) faz um ano que John McAfee foi roubado de nós. Um líder da liberdade e da privacidade, o mundo é um lugar mais sombrio sem ele", escreveu Janice no Twitter.
A viúva também divulgou nas redes sociais uma petição online para pressionar as autoridades espanholas a investigarem o caso. "É difícil colocar em palavras como foi a vida no ano passado. Ainda não consigo acreditar que John se foi. Se você ainda não assinou, por favor, assine essa petição para ajudar a pressionar as autoridades espanholas a liberarem os restos mortais de John para que ele possa ser finalmente enterrado", diz a mensagem. Até o momento, 2 mil pessoas assinaram o documento.
A prisão
John fez fortuna após ter lançado, em 1987, o McAfee, o primeiro antivírus comercial. Depois, se converteu em um guru das criptomoedas e era seguido por um milhão de usuários no Twitter. A situação mudou quando o empresário foi acusado de fraude fiscal nos Estados Unidos.
McAfee foi detido em outubro de 2020 no aeroporto de Barcelona após a publicação, por um promotor americano, de uma ata de acusação contra si por omitir a declaração de milhões de dólares em receitas pela promoção de criptomoedas, por serviços de consultoria, conferências e a cessão de direitos para a realização de um documentário sobre sua vida.
As autoridades dos Estados Unidos haviam emitido uma ordem de captura através da Interpol e pedido sua extradição por crimes que, caso fosse condenado, poderiam lhe render uma pena de até 30 anos de prisão.
Horas antes de sua morte, a Justiça espanhola havia autorizado sua extradição, mas a mesma ainda poderia ser objeto de recurso e deveria contar com a aprovação do Executivo em Madri.
Polêmicas
McAfee se envolveu em algumas polêmicas. Após o misterioso assassinato de seu vizinho em Belize, em 2012, um caso ainda sem solução, a polícia descobriu que o empresário vivia com uma adolescente de 17 anos e possuía armas em sua casa.
O magnata fugiu durante meses e foi detido nos Estados Unidos, em 2015, por dirigir sob o efeito de entorpecentes. Em 2019, voltou a deixar o país.