A polícia de Israel agrediu nesta sexta-feira (13) uma multidão que estava presente no funeral da jornalista palestino-americana Shireen Abu Aqleh — morta com tiros na quarta-feira (11) quando cobria uma operação do exército israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. De acordo com as autoridades, a repressão aconteceu porque o caixão da comunicadora estava envolto com uma bandeira da Palestina, símbolo proibido na região desde 1967, quando o país ocupou e anexou Jerusalém Oriental.
O cortejo fúnebre saiu do Hospital Saint Joseph, em Jerusalém Oriental, em direção à igreja greco-católica Melquita, na Cidade Velha, e tinha como destino final o cemitério da região. No entanto, durante trajeto, alguns civis foram agredidos pelas autoridades israelenses, inclusive, homens que carregavam o caixão. Vídeos da repressão foram registrados por jornalistas e presentes e divulgados nas redes sociais.
A rede televisiva da Al Jazeera, a Autoridade Nacional Palestina e testemunhas que estavam no local da morte de Shireen acusam os soldados israelenses de terem atirado a "sangue frio" contra a comunicadora. No entanto, as autoridades do país negam a versão e explicaram que estão apurando o caso.
Repercussão da morte
Na quarta-feira (11), quando a jornalista de 51 anos morreu, políticos de Israel se reuniram com a equipe nacional de relações públicas para discutirem o caso, uma vez que soldados do país foram acusados internacionalmente de serem responsáveis pelos tiros que atingiram Shireen. Na reunião, decidiram traçar um plano de ação e , em seguida, autoridades israelenses divulgaram um vídeo de atiradores palestinos disparando de dentro do campo de refugiados em Jenin, na tentativa de culpá-los.
A estratégia logo fracassou porque pessoas que estavam no local na hora da morte compartilharam um vídeo que comprova que a jornalista morreu longe dali. A situação coloca Israel em momento complicado com a diplomacia internacional e isso se agrava mais ainda pelo fato de Shireen ter também cidadania estadunidense, o que coloca as relações com Washington em perigo.
Apesar das várias versões sobre quem seriam os culpados, a rede televisiva Al Jazeera, onde Shireen trabalhava, tem pedido constantemente que a justiça seja feita. O produtor Ali Samudi, do mesmo canal, também foi baleado no local e se feriu, mas, está em com saúde estável.
Shireen morreu poucos dias depois de a Federação Internacional de Jornalistas, do Sindicato de Jornalistas Palestinos (PJS) e do Centro Internacional de Justiça para Palestinos (ICJP) apresentarem uma denúncia formal em Haia pelos ataques frequentes que jornalistas palestinos sofrem. De acordo com o PJS, cerca de 50 palestinos foram mortos desde 2000. Para o ICJF as forças israelenses são conhecidas por aplicarem força letal e atacar de forma sistemática os jornalistas.