Um comunicado da Organização das Nações Unidas (ONU) feito nesta segunda-feira (23) — noite de domingo (22) no Brasil — apontou que o número de deslocados forçados superou pela primeira vez os cem milhões em todo o mundo em 2021. Segundo o órgão, houve cerca de 90 milhões de pessoas deslocadas no fim de 2021. As migrações foram causadas pela violência em locais como Etiópia, Burkina Faso, Mianmar, Nigéria, Afeganistão e República Democrática do Congo.
Os dados completos dos deslocamentos forçados em 2021 serão divulgados no relatório anual em 16 de junho. A marca é impulsionada pela invasão russa da Ucrânia.
"O número de pessoas forçadas a fugir de conflitos, da violência, dos atropelos aos direitos humanos e da perseguição superou pela primeira vez a assombrosa marca de 100 milhões, impulsionada pela guerra na Ucrânia e outros conflitos mortais", estimou o Acnur, agência das Nações Unidas para os Refugiados.
— A cifra de cem milhões é alarmante, preocupante e instrutiva. É um número ao qual nunca se deveria ter chegado — disse o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.
O número deve sacudir o mundo para pôr fim aos conflitos, sugeriu o Acnur em comunicado. No caso da Ucrânia, mais de 8 milhões de pessoas tiveram que fugir para outras regiões do país depois da invasão russa em 24 de fevereiro. Além disso, mais de seis milhões de refugiados cruzaram as fronteiras com outros países.
Antes do conflito, a Ucrânia tinha 37 milhões de habitantes nos territórios controlados por Kiev, o que exclui a península da Crimeia e as regiões do leste controladas pelos separatistas pró-russos.
Conforme a ONU, a cifra de cem milhões representa mais de 1% da população mundial, e apenas 13 países têm uma população superior a este número. O dado inclui refugiados, solicitantes de asilo e mais de 50 milhões de deslocados internos.
— Para inverter esta tendência, a única resposta é a paz e a estabilidade, para que gente inocente não seja obrigada a escolher entre o perigo de casa ou a precária fuga e o exílio — disse Grandi.
Mais de dois anos depois do início da pandemia de covid-19, ao menos 20 países continuam negando o acesso ao asilo a pessoas que fogem de conflitos, da violência e da perseguição, usando como desculpa medidas adotadas para combater a disseminação do vírus.