Os países da União Europeia (UE) conduziram, na quinta-feira (5), difíceis negociações sobre a intenção de adotar um embargo europeu gradual ao petróleo russo, já que a inciativa enfrenta o bloqueio da Hungria, disseram fontes diplomáticas à AFP.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, disse em uma entrevista à radio, nesta sexta-feira (6), que a proposta da Comissão Europeia para cortar drasticamente as importações de petróleo russo havia cruzado "uma linha vermelha".
— Desde o início, deixamos claro que havia uma linha vermelha, a saber: o embargo energético. Cruzaram essa linha — expressou.
Em Bruxelas, os representantes dos 27 países mantinham negociações "complicadas", confidenciou um diplomata. A adoção de sanções da UE requer o voto unânime dos países-membros.
A proposta apresentada nessa quarta-feira (4) prevê a paralisação das importações de petróleo russo em um prazo de seis meses e de produtos refinados até o fim de 2022. No entanto, o plano lançado concede uma exceção até o final de 2023 para Hungria e Eslováquia, dois países que dependem quase inteiramente das suas importações de petróleo proveniente da Rússia.
Hungria e Eslováquia consideraram que a duração dessa exceção é insuficiente e a República Tcheca também pediu para se beneficiar da mesma exceção. Fontes próximas das negociações apontaram que em uma nova versão da proposta de sanções a ressalva, incluindo a República Tcheca, seria estendida até o fim de 2024.
Outro aspecto controverso nas negociações é a proposta da Comissão Europeia de incluir na lista de cidadãos russos sancionados o chefe da Igreja Ortodoxa russa, o patriarca Kirill I, apresentado como um aliado do presidente Vladimir Putin.
O sexto pacote de sanções da UE contra a Rússia pela invasão da Ucrânia também coloca o setor financeiro na mira, já que busca excluir o maior banco russo, Sberbank, e outras duas entidades bancárias do sistema interbancário Swift. Também propõe vetar a divulgação dos três canais de televisão russos no espaço europeu, incluindo o Rússia 24 e o Rússia RTR.
— O tempo está acabando. Creio que se pode chegar a um acordo até domingo—disse um diplomata.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os países "que titubeiam ainda não estão prontos".
— Não têm acesso ao mar e estamos discutindo com eles para encontrar soluções (...) para que tenham a garantia de ter segurança para seu abastecimento com petróleo suficiente — acrescentou durante uma videoconferência nesta sexta (6).
Von der Leyen disse estar "convencida de que adotaremos esse pacote".