Setenta e cinco pessoas já morreram, incluindo mulheres e crianças, desde o fim de abril em confrontos entre duas gangues haitianas nos subúrbios do norte da capital, informou nesta sexta-feira a ONU, que disse estar "profundamente preocupada com a rápida deterioração da situação de segurança" na capital desde 24 de abril.
Nove mil moradores desses bairros, que se tornaram cenário do conflito, foram obrigados a fugir de casa e se refugiar com parentes ou em locais improvisados, como igrejas e escolas.
Durante décadas, os grupos criminosos armados causaram estragos nos bairros mais pobres de Porto Príncipe, mas, nos últimos anos, aumentaram drasticamente seu controle na capital haitiana e no país, multiplicando os assassinatos e sequestros.
A ONU denunciou a "violência extrema" das gangues durante os confrontos, afirmando que fontes locais rastrearam a existência de "atos de violência sexual, incluindo estupro coletivo de crianças de até 10 anos, para aterrorizar e intimidar as populações locais que vivem em áreas controladas por gangues rivais.
A agência das Nações Unidas para a proteção da infância advertiu sobre as consequências para a educação desse domínio territorial das gangues. "No Haiti, 500.000 crianças perderam o acesso à educação devido à violência relacionada às gangues", informou o Unicef nesta sexta-feira.
"Cerca de 1.700 escolas estão fechadas na área metropolitana de Porto Príncipe", destaca o comunicado da agência. "Nenhuma criança pode ir à escola enquanto as balas voam pelo ar", lamentou Bruno Maes, representante do Unicef no país.
O governo haitiano ainda não se pronunciou sobre o surto de violência que colocou a capital em estado de sítio há duas semanas.
* AFP