A guerra na Ucrânia completa três meses nesta terça-feira (24) com os combates concentrados no leste do país, onde as tropas da Rússia pretendem acabar com os últimos focos de resistência na região de Lugansk, na bacia de mineração do Donbass.
Depois de afastar as forças invasoras das duas grandes cidades do país, a capital Kiev e Kharkiv (nordeste), os ucranianos admitem "dificuldades" para conter o avanço russo no Donbass, que inclui as regiões de Lugansk e Donetsk.
— As próximas semanas de guerra serão difíceis — advertiu na segunda-feira (23) à noite o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
— Os ocupantes russos se esforçam para demonstrar que não abandonarão as zonas ocupadas da região de Kharkiv, que não entregarão a região de Kherson (sul), os territórios ocupados da região de Zaporizhzhia (sudeste) e o Donbass (leste) — insistiu.
Zelensky afirmou ainda que a situação é "extremamente difícil" no Donbass, onde os russos tentam "eliminar tudo o que está vivo".
As Forças Armadas ucranianas afirmaram nesta terça, no Facebook, que as tropas russas executam "operações ofensivas" ininterruptas na região e acrescentaram que "o inimigo está aplicando fogo intenso em toda a linha de contato".
Alvo: Severodonetsk
A Rússia concentra o ataque no reduto de resistência ucraniano de Lugansk, com a tentativa de cercar as cidades de Severodonetsk e Lysychansk, separadas pelo Rio Donets. O Ministério da Defesa da Ucrânia anunciou combates perto das duas cidades, nas localidades de Popasna e Bakhmut, ao sul e sudoeste, o que sugere uma tentativa de cerco.
Apesar dos bombardeios, muitos moradores se recusam a fugir.
— As pessoas não querem sair — lamentou o vice-prefeito de Bakhmut, Maxim Sutkoviy, diante de um ônibus vazio que deveria afastar os civis da frente de batalha.
— Severodonetsk é bombardeada 24 horas por dia pelos russos, que adotam a a tática de "terra arrasada" — afirmou o governador de Lugansk, Sergei Gaidai.
Depois da queda de Mariupol, destruída por um longo cerco, Severodonetsk representaria uma grande conquista de Moscou no Donbass, controlado parcialmente desde 2014 por separatistas pró-Rússia.