Os Estados Unidos acusaram, nesta quinta-feira (12), o exército russo de ter transportado "à força" milhares de ucranianos para a Rússia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.
Kiev, por sua vez, apresentou a cifra de quase 1,2 milhão de ucranianos deportados por Moscou para a Rússia, e também denunciou a existência de "campos de triagem" em territórios controlados no leste da Ucrânia, por onde passam esses "deportados".
— Os Estados Unidos estimam que as forças russas transferiram pelo menos alguns milhares de ucranianos para esses "campos de triagem", e evacuaram outras dezenas de milhares para a Rússia, sem dizer a eles qual seria o destino final — declarou o embaixador americano na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter.
— Mesmo que seja apenas de Mariupol, a cidade portuária que agora está praticamente controlada pela Rússia. Estimamos que as forças russas levaram à força milhares de civis para o território russo — acrescentou o diplomata em discurso pronunciado em Viena, na Áustria, segundo a transcrição publicada pelo Departamento de Estado americano.
Carpenter citou testemunhos sobre "interrogatórios brutais", incluindo "tortura", nesses "campos de triagem", destinados a identificar qualquer pessoa com o "mínimo de lealdade à Ucrânia".
— Há muitos relatos sobre o confisco de telefones celulares dos detidos, e também de seus passaportes, além de senhas obtidas sob coação e varreduras nas redes sociais e em plataformas de mensagens em busca de qualquer sinal de oposição à guerra bárbara da Rússia contra a Ucrânia — detalhou.
— Com base nessas informações, os que são considerados pró-Ucrânia são levados à chamada "república popular de Donetsk", controlada por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, onde enfrentam um destino sinistro — denunciou Carpenter.
— Esses atos constituem crimes de guerra. A Rússia sabe bem que deslocamentos forçados são contrários ao direito humanitário internacional — insistiu.
Segundo Lyudmyla Denisova, uma responsável do governo ucraniano, "mais de 1,19 milhão de ucranianos, incluindo mais de 200 mil crianças, foram deportados para a Federação da Rússia".