Ao menos seis pessoas morreram e oito ficaram feridas nesta segunda-feira (18) em ataques russos com mísseis em Lviv, grande cidade do oeste da Ucrânia, informaram as autoridades locais.
"Até o momento registramos seis mortos e oito feridos. Entre as vítimas está uma criança", afirmou o governador Maksym Kozitsky no Telegram. O governador informou que os bombardeios atingiram infraestruturas militares e um depósito de pneus, o que provocou incêndios.
Colunas de fumaça eram observadas atrás de edifícios residenciais, afirmou uma moradora do sudoeste de Lviv à AFP.
"Cinco ataques potentes com mísseis de uma só vez contra a infraestrutura civil da antiga cidade europeia de Lviv", escreveu no Twitter Mikhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodimir Zelensky.
O prefeito da cidade, Andriy Sadovy, confirmou os ataques e anunciou que as equipes de emergência seguiram para as áreas atingidas.
A empresa de ferrovias ucraniana informou no Telegram que "vários mísseis caíram perto das instalações ferroviárias", sem deixar vítimas e sem prejudicar o tráfego.
O presidente do conselho de administração da empresa, Alexander Kamychin, disse que as infraestruturas atingidas serão reparadas e que "a ferrovia continua operacional".
"Os russos continuam atacando de forma bárbara cidades ucranianas, declarando de maneira cínica ao mundo 'seu direito' a... matar os ucranianos", disse Podolyak.
Lviv fica longe da linha de frente e, assim como o restante da parte oeste da Ucrânia, sofreu poucos ataques desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Em 26 de março, Lviv sofreu uma série de ataques, incluindo dois que deixaram cinco feridos e atingiram um depósito de combustíveis.
A cidade também foi alvo de um ataque em 18 de março contra uma fábrica de reparo de aviões perto do aeroporto. A ação não provocou vítimas.
Em 13 de março, mísseis de cruzeiro russos atingiram uma importante base militar a 40 quilômetros de Lviv. Ao menos 35 pessoas morreram e 134 ficaram feridas.
Perto da fronteira com a Polônia, Lviv virou uma cidade de refugiados para os deslocados e no início da guerra abrigou várias embaixadas de países ocidentais, que transferiram as atividades de Kiev.
Ataques concentrados no leste
Lviv foi alvo de poucos bombardeios em mais de 50 dias de confronto, ao contrário do leste do país, onde os ataques se concentram atualmente. Zelensky declarou no domingo à noite que "as tropas russas se preparam para uma ofensiva no leste de nosso país no futuro próximo. Eles querem literalmente acabar e destruir Donbass".
— Assim como os militares russos destroem Mariupol, querem arrasar outras cidades e outras comunidades nas províncias de Donetsk e Lugansk, no Donbass. Fazemos todo o possível para assegurar a defesa — insistiu o presidente.
Moscou parece determinado a assumir o controle total de Mariupol, onde os últimos combatentes, entrincheirados no complexo metalúrgico de Azovstal, ignoraram o ultimato de Moscou para que abandonem o local.
— Sabotem as ordens dos ocupantes. Não cooperem com eles (...) Resistam — disse Zelensky, que chamou a situação da cidade de "desumana" e pediu novamente ao Ocidente que forneça armas pesadas a Kiev.
O presidente ucraniano também convidou Emmanuel Macron a visitar seu país para observar as evidências do "genocídio" cometido pelas tropas russas, um termo que o presidente francês optou por não usar.
Mariupol "não caiu", diz primeiro-ministro
Mariupol virou o símbolo da feroz resistência ucraniana diante do exército russo.
— A cidade ainda não caiu — afirmou o primeiro-ministro Denys Shmyhal
— Ainda temos forças militares, soldados. Eles lutarão até o fim — declarou ao canal americano ABC.
Um comandante policial de Mariupol, Mikhailo Vershynin, afirmou que "muitos civis, incluindo mulheres, crianças, bebês e idosos" permanecem na cidade.
Mariupol, com 440 mil habitantes antes da guerra, é um alvo-chave para Moscou e o último obstáculo para garantir seu controle na faixa marítima que vai dos territórios separatistas pró-Rússia do Donbass até a península da Crimeia, anexada pelos russos em 2014. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU afirmou que mais de 100 mil civis de Mariupol estão à beira da fome, sem água ou calefação.
"Última oportunidade"
O governador de Lugansk, Serguei Gaiday, afirmou que "esta semana será difícil" e pediu aos civis que abandonem a região.
— Pode ser a última oportunidade de salvá-los abandonando as zonas de combate — escreveu no Facebook.
Mas nesta segunda-feira as autoridades ucranianas anunciaram a suspensão, pelo segundo dia consecutivo, dos corredores humanitários para a retirada de civis das zonas de combate e acusaram a Rússia de "bloquear" e bombardear os comboios. As negociações com o exército russo são "longas e complexas", sobretudo no que diz respeito à cidade de Mariupol, em grande parte sob controle da Rússia, e a outras localidades onde acontecem combates, afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.