O governo britânico pediu desculpas, nesta quarta-feira (30), depois que um relatório revelou que a morte de 200 bebês, em um hospital do nordeste da Inglaterra, poderia ter sido evitada se eles tivessem recebidos melhores cuidados após o nascimento.
— A todas as famílias que tanto sofreram, sinto muito — disse o ministro da Saúde, Sajid Javid, no Parlamento.
O relatório, que revelou a magnitude de um escândalo que se estende por duas décadas, "deixa claro que foram vítimas de um serviço que estava aqui para ajudá-los", acrescentou.
Divulgado nesta quarta-feira, o informe mostrou que a recusa em realizar cesáreas e a falta de cuidados adequados provocaram a morte evitável de dezenas de recém-nascidos na maternidade do Hospital Shrewsbury e Telfort. Encomendado em 2017 pelo parlamentar conservador Jeremy Hunt, o relatório analisou 1.592 casos registrados nesse hospital. A maioria ocorreu entre 2000 e 2019.
Cinco anos depois, a investigação revelou conclusões alarmantes, afirmando que 201 bebês poderiam ter sobrevivido, se o hospital tivesse lhes proporcionado uma melhor atenção. Nove mães também perderam a vida, devido à falta de cuidados, enquanto outras se viram obrigadas a dar à luz de forma natural, quando uma cesárea deveria ter sido oferecida.
— O hospital não investigou (os casos), não aprendeu (com seus erros), não melhorou — declarou em uma coletiva de imprensa Donna Ockenden, responsável pela investigação.
O documento, de 250 páginas, inclui casos de recém-nascidos com crânio fraturado e ossos quebrados, assim como com problemas cerebrais decorrentes da falta de oxigênio no momento do nascimento. Também foram encontradas falhas "significativas, ou importantes", em torno de 25% dos 498 casos de natimortos estudados. E, em 40% deles, não foi feita uma investigação interna sobre a causa do óbito.
Para o parlamentar Jeremy Hunt, as conclusões da investigação são "piores" do que poderia se imaginar. Em um primeiro informe, divulgado em 2020, Ockenden destacou que a taxa de cesáreas do hospital, nos últimos 20 anos, foi entre 8% e 12% inferior à média da Inglaterra. Esta marca foi apresentada como algo positivo pelo hospital.
Em nível nacional, o Sindicato de Parteiras não pôs fim a sua campanha para estimular os "partos naturais" até 2017. Foi somente no começo deste ano que a saúde pública pediu aos hospitais que deixassem de usar as taxas de cesáreas como indicador de desempenho.