Em conversa telefônica realizada neste sábado (5), o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediram negociações diretas entre a Ucrânia e a Rússia. O conflito no Leste Europeu chega ao seu décimo dia.
Esse contato representa a primeira ligação entre os chefes da diplomacia das duas grandes potências mundiais desde que a Rússia iniciou sua ofensiva contra a Ucrânia.
— Encorajamos negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia — disse Wang à Antony, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China.
Após o início da intervenção russa, que enfrenta forte resistência das tropas ucranianas, a China adotou uma posição intermediária diplomática, recusando-se a condenar o ataque russo depois de ter oferecido "amizade ilimitada" à Ucrânia e à Rússia um mês antes.
— Esperamos que os combates parem o mais rápido possível e assim evitar uma crise humanitária em grande escala — acrescentou o chanceler chinês.
Apesar da visão otimista que tem sobre o fim do conflito, Wang reconheceu que as negociações entre a Rússia e a Ucrânia não serão uma tarefa "fácil".
Blinken falou ao ministro chinês que a sensação que tem é de que muitas nações ainda estão observando quais países defendem os princípios básicos de liberdade, autodeterminação e soberania para só depois se posicionarem.
Está marcada para segunda-feira (7), a terceira rodada de negociações entre a Rússia e a Ucrânia. Na ocasião, deverá ser debatido o cessar-fogo para fuga de civis que já havia sido definido no segundo encontro. No entanto, de acordo com o governo ucraniano, as tropas de Moscou não cumpriram o acordo.
Posicionamento
Enquanto os Estados Unidos e muitos países ocidentais anunciaram duras sanções contra a Rússia, a China ainda hesita em considerar a crise russo-ucraniana como uma guerra.
— A diplomacia não pode ser apenas europeia ou americana, aqui a diplomacia chinesa tem um papel a desempenhar — defendeu o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em entrevista publicada no jornal espanhol El Mundo.
Em sua conversa com Blinken, Wang disse que a resolução do conflito estava intimamente relacionada aos interesses de segurança de ambos os lados. O ministro chinês ainda falou que os Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia devem negociar com o governo russo e e levar em conta o impacto negativo da expansão da Otan para o leste no espaço de segurança da Rússia.
Uma das principais exigências do presidente russo Vladimir Putin é justamente a não entrada da Ucrânia na Otan.