O tonganês Lisala Folau, de 57 anos, passou a ser chamado de "Aquaman da vida real" depois de ter sobrevivido mais de 24 horas no mar após um tsunami atingir o arquipélago no último final de semana. Mesmo tendo realizado o feito, o homem sofre uma deficiência que o impede de andar direito. As informações são do site português Ímpar.
O ato de Lisala consegue ser ainda maior por ele ter conseguido evitar que o filho, Talivakaola Folau, enfrentasse o mesmo perigo para o salvar. Quando as águas o levaram, conseguiu ouvir o filho o chamando, mas não respondeu.
— O meu pensamento era que se o respondesse, ele viria e ambos sofreríamos, por isso, flutuei, fustigado pelas grandes ondas que continuavam a vir — explicou o homem, em uma entrevista à Broadcom FM, de Tonga.
O homem de 57 anos é carpinteiro aposentado por invalidez. Reside na ilha de Atata, com uma população de cerca de 60 pessoas. Foi levado por uma onda, no último sábado (15), por volta das 19h locais. Lisala "Aquaman" Folau tinha subido a uma árvore para escapar de uma primeira onda, mas quando desceu, foi apanhado desprevenido por uma outra grande onda que o arrastou.
O tonganês recordou ter sido puxado para debaixo de água umas nove vezes.
— Da oitava vez, pensei, da próxima que submergir não escapo, porque os meus braços eram as únicas coisas que me mantinham à superfície — disse.
Na nona vez, Lisala disse que conseguiu se recuperar e, ao regressar, encontrou um tronco ao qual se agarrou com todas as suas forças.
— Foi isso que me fez continuar — lembrou, acrescentando que de certa forma se sentia preocupado com o que o destino lhe reservava. — As ondas continuavam a girar por aqui e por ali... O que me veio à mente é que no mar há vida e morte. Até chegar à costa, só então se sabe se se está vivo ou morto — acrescentou.
— Se eu conseguir me agarrar em uma árvore ou a qualquer coisa e se algo acontecer e eu perder a minha vida, as equipas de resgate podem me encontrar e a minha família pode ver o meu cadáver — disse.
Agarrado ao tronco, o homem conseguiu percorrer cerca de 7,5 quilômetros até à ilha principal de Tongatapu. Depois de o domingo (16) amanhecer, viu um barco da polícia se dirigir para a ilha Atata.
— Acenei, mas o barco não me viu. Eu tinha agora a certeza de poder chegar a Mui'i Sopu (extremo ocidental de Nucualofa), e sabia que a minha família estava muito preocupada. Pensei na minha irmã em Hofoa, que sofre de diabetes, e na minha filha mais velha, que tem problemas cardíacos. Isso me levou a chegar a Sopu — disse.
De acordo com o ex-carpinteiro, isso ocorreu por volta das 21h, ou seja, 26 horas após ter sido arrastado pela onda. No entanto, a odisseia ainda não havia terminado. Ele disse que teve de rastejar em direção à estrada, onde encontrou um pedaço de madeira que serviu como bengala. Pediu ajuda nas docas, mas não havia ninguém.
— Continuei a andar e encontrei um veículo e pedi ajuda — disse, explicando que por fim estava salvo.