Os primeiros voos com ajuda humanitária de emergência chegaram a Tonga nesta quinta-feira (20), cinco dias após a erupção vulcânica e o tsunami que devastaram este arquipélago do Pacífico e que o isolaram do resto do mundo.
Tonga está inacessível desde sábado (15), quando uma das maiores erupções vulcânicas em décadas cobriu o território com cinzas, desencadeou um tsunami que atingiu grande parte do Pacífico e cortou os cabos de comunicação submarinos.
Dois grandes aviões de transporte militar da Austrália e da Nova Zelândia aterrissaram no principal aeroporto de Tonga, após a limpeza da pista.
— Aterrissou! — exclamou o ministro australiano de Desenvolvimento Internacional e encarregado das relações com o Pacífico, Zed Seselja, quando o avião C-17 chegou "carregando muitos suprimentos humanitários".
— Um segundo C-17 está a caminho — acrescentou.
A Nova Zelândia confirmou que seu Hercules C-130 também pousou em Tonga.
A ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Nanaia Mahuta, indicou que a aeronave transportava água, equipamentos para abrigos temporários, geradores elétricos, itens de higiene e comunicação.
O Japão também anunciou que enviará dois aviões C-130 com ajuda, e outros países como China e França anunciaram disposição em ajudar.
No entanto, os rigorosos protocolos anticovid que mantiveram o arquipélago livre de contágios obrigam que os envios sejam entregues sem contato.
Mais de 80% dos 100 mil habitantes de Tonga foram afetados pelo desastre, segundo a ONU, e a água potável é uma das necessidades mais urgentes, pois as cinzas da erupção vulcânica contaminaram as reservas do arquipélago.
Devido ao desastre, as notícias do país têm sido muito limitadas desde sábado e o balanço dos danos é impreciso. Até o momento, três mortes foram confirmadas pela erupção e pelo tsunami, cujas ondas atingiram as costas do Chile e dos Estados Unidos.
No Peru, causou a morte de duas mulheres e um derramamento de 6.000 barris de petróleo, afetando a flora e a fauna da costa da província de Callao.
Navios a caminho
Em Tonga, os trabalhos dos últimos dias se concentraram na liberação da pista do aeroporto internacional para permitir o pouso de aviões com ajuda humanitária. O coordenador de crise das Nações Unidas, Jonathan Veitch, disse à AFP na noite de quarta-feira que a pista do terminal da ilha principal, que estava coberta por uma camada de cinco a 10 centímetros de cinzas, já estava operacional.
As partículas de poeira podem ser venenosas e também representar um perigo para as aeronaves, pois podem se acumular em motores e causar mau funcionamento.
O governo de Tonga disse que o fenômeno natural causou "um desastre sem precedentes", com ondas chegando a 15 metros de altura e destruindo inúmeros povoados nas ilhas próximas ao vulcão Hunga Tonga Hunga Ha'apai.
— O abastecimento de água em Tonga foi severamente afetado pelas cinzas e pela água salgada do tsunami — disse Katie Greenwood, da Federação Internacional da Cruz Vermelha, alertando para o risco de doenças como cólera e diarreia.
Além dos envios aéreos, tanto a Austrália quanto a Nova Zelândia enviaram ao arquipélago dois navios militares com reservas de água e uma usina dessalinizadora com capacidade para filtrar 70 mil litros por dia. A chegada está prevista para sexta-feira.
O presidente da Assembleia de Tonga, Fatafehi Fakafanua, assegurou com lágrimas que "toda a agricultura está arruinada".
A erupção foi uma das mais poderosas das últimas décadas, lançando uma onda de pressão que atravessou o planeta a uma velocidade supersônica de 1.230 quilômetros por hora, disse o Instituto Nacional de Pesquisa Marinha e Atmosférica da Nova Zelândia.
Embora as comunicações internas no país tenham sido parcialmente restabelecidas, a ligação com o Exterior pode continuar interrompida por muito tempo porque a reparação do cabo submarino rompido demorará pelo menos quatro semanas.