Um navio australiano com casos de coronavírus entre a tripulação atracou nesta quarta-feira (26) em Tonga para entregar ajuda urgente à ilha afetada por uma erupção vulcânica e um tsunami, apesar do risco para sua população, atualmente livre da covid-19.
O ministro da Saúde de Tonga, Saia Piukala, afirmou que a tripulação do HMAS Adelaide seguirá regras sanitárias rígidas para garantir que o país do Pacífico, de 100 mil habitantes, permaneça sem contágio.
— O navio atracará e não haverá contatos. Os australianos do navio vão descarregar a carga e sair do porto — declarou o ministro.
Com 80 toneladas de produtos de primeira necessidade, como água, equipamentos médicos e material de engenharia, o HMAS Adelaide foi enviado como parte do esforço internacional de emergência após a erupção de 15 de janeiro, que provocou um tsunami que atingiu a ilha e cobriu o território com cinzas tóxicas.
Os tripulantes testaram negativo para covid-19 antes do início da viagem em Brisbane, mas autoridades australianas informaram na terça-feira que foram detectados 23 casos de coronavírus a bordo do navio. Piukala afirmou que o número de casos subiu para 29 nesta quarta.
Os mais de 600 tripulantes estão com a vacinação completa e as Forças de Defesa da Austrália informaram que os primeiros 23 infectados estava assintomáticos ou com sintomas leves. O navio tem 40 leitos de hospital, alas cirúrgicas e UTI.
O ministro de Tonga disse que todos os produtos descarregados de aviões e navios humanitários são deixados em isolamento durante três dias, antes que os moradores tenham contato com eles.
Tonga fechou as fronteiras no início de 2020 devido à pandemia do coronavírus. Desde então, o arquipélago registrou apenas um caso de covid-19: um homem que retornou da Nova Zelândia em outubro do ano passado e já está recuperado.
Mas as restrições dificultam a chegada da ajuda internacional enviada por países como Nova Zelândia, China, Japão e França.
O Japão anunciou a interrupção da ponte aéreo entre Austrália e Tonga após a detecção de quatro pessoas infectadas na missão. Já a Polinésia Francesa anunciou na sexta-feira o envio de alimentos, água potável e roupas.
— Estou tentando obter do primeiro-ministro Siaosi Sovaleni (permissão para) para descermos por uma hora, mas eles não abrem exceções para ninguém — disse à AFP o coordenador da missão, Manuel Terai.
Dois barcos de patrulha franceses do Taiti e da Nova Caledônia estão transportando 50 toneladas de material para Tonga. Os produtos serão deixados em uma ilha do arquipélago antes que o governo local possa recuperá-los.
A erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, 65 quilômetros ao norte da capital Nuku'alofa, provocou um "desastre sem precedentes", segundo o governo. Apenas três mortes foram registradas pela erupção, que provocou um tsunami que arrasou cidades inteiras. As cinzas vulcânicas poluíram a água e destruíram plantações.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) informou que suas equipes começaram a chegar ao local para avaliar os danos. As tarefas prioritárias são retirar as cinzas e permitir que a população tenha acesso à água potável e comida.