Os rebeldes etíopes do Tigré anunciaram nesta segunda-feira (20) que saíram de várias áreas do norte do país e marcham para sua região para "abrir a porta" para a ajuda humanitária, marcando um novo ponto de inflexão no conflito.
"Decidimos sair dessas áreas e ir para o Tigré. Queremos abrir as portas para a ajuda humanitária", declarou à AFP Getachew Reda, porta-voz da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), anunciando a saída das regiões de Amhara e Afar.
O porta-voz explicou que essa decisão foi tomada há algumas semanas e destacou que os combatentes estão realizando uma retirada "fase a fase" em várias cidades, incluindo Lalibela, local classificado como patrimônio da humanidade pela Unesco, que mudou de mãos várias vezes durante o conflito.
Este anúncio marca um revés maior para os rebeldes, que haviam rejeitado o pedido do governo de se retirarem de Afar e Amhara como uma condição prévia para iniciar um diálogo.
O conflito entre as forças leais ao primeiro-ministro Abiy Ahmed e as tropas da TPLF desencadearam uma crise humanitária e levaram o Conselho de Direitos Humanos da ONU a votar para ordenar uma investigação internacional pelas acusações de abusos.
O conflito no norte da Etiópia começou em novembro de 2020 depois que o primeiro-ministro enviou o exército para desalojar os rebeldes da TPLF, a quem acusa de atacar bases militares.
Ahmed prometeu uma vitória rápida, mas em junho os rebeldes reconquistaram a maior parte do Tigré e avançaram para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.
O conflito provocou mais de dois milhões de deslocados e deixou centenas de milhares de etíopes em risco de fome, segundo a ONU, com relatos de massacres e estupros cometidos pelos dois lados.
* AFP