O primeiro de uma série de funerais ocorreu nesta quarta-feira (8) em Papua Nova Guiné, onde 54 corpos não reivindicados há meses foram enterrados em uma fossa comum, para aliviar o necrotério local saturado pelos mortos da covid-19, de acordo com repórteres da AFP presentes no local.
As autoridades deste país do oceano Pacífico devastado pela pandemia ordenaram esses funerais para aliviar o necrotério do hospital da capital Port Moresby.
Cerca de 300 corpos se acumulam ali, alguns desde o mês de março, em uma instalação prevista para receber apenas 60, já que não foram reivindicados pelos seus familiares, às vezes por falta de dinheiro para os funerais.
A cerimônia ocorreu no cemitério Nine Mile, nos arredores de Port Moresby. Os corpos foram retirados dos contêineres onde estavam armazenados, depositados em caixões de madeira rudimentar fabricados por aldeões dos arredores, e depois foram colocados no fundo de uma fossa de quatro metros de profundidade.
Alguns dos caixões levavam o nome do morto. Outros simplesmente diziam: "Desconhecido, RIP".
Nenhum membro da família dos mortos estava presente na cerimônia, o que é raro em um país onde os funerais representam um ritual cultural muito importante e reúnem centenas ou até milhares de pessoas, que cantam, choram e se lamentam durante dias.
Das 300 pessoas que morreram no hospital de Port Moresby e cujos corpos foram armazenados no necrotério, 122 deram positivo no teste de covid-19. No entanto, os testes de detecção em Papua Nova Guiné são escassos e os números oficiais estão muito longe de refletir a magnitude da pandemia.
* AFP