Os eleitores da Gâmbia votam neste sábado (4) para eleger um novo presidente, numa eleição o crucial para esta jovem democracia que busca deixar para trás seu passado ditatorial e voltar aos trilhos com uma economia arrasada pela covid-19.
Os colégios eleitorais abriram às 08h00 (05h00 no horário de Brasília), num processo que coloca à prova a transição democrática neste país que durante 22 anos foi governado por Yahya Jammeh, que se exilou em 2017.
O presidente em fim de mandato Adama Barrow, de 56 anos, e cinco outros candidatos disputam os quase um milhão de votos dos eleitores do país, o menor da África Ocidental.
Longas filas se formaram do lado de fora dos colégios eleitorais na capital Banjul desde o amanhecer, constataram jornalistas da AFP presentes no local.
"Estou aqui desde 6h00 da manhã, depois das orações, e, de acordo com minha contas, devo ficar aqui até pelo menos às 10h00", comentou Jariatou Touray, uma estudante de 23 anos que trabalha como garçonete em meio período.
"É muito importante que os cidadãos votem e escolham a pessoa certa", acrescentou.
As eleições acontecem sem segundo turno e os resultados devem ser anunciados no domingo (5).
Os eleitores fazem fila em frente às cabines de votação cobertas por uma lona preta. Eles mergulham o dedo na tinta para certificar que votaram.
Das 8h às 17h, os eleitores escolhem seu próximo chefe de Estado depositando uma bola como cédula em uma das latas nas cores de cada candidato, processo que foi estabelecido há muito tempo por causa de analfabetismo generalizado.
Há cinco anos, Barrow, um ex-magnata imobiliário e que era praticamente desconhecido do público em geral, contrariou todos os pronósticos e venceu as eleições contra o ditador Jammeh, que passou mais de duas décadas no comando do país, impondo um regime marcado por assassinatos extrajudiciais, desaparecimentos forçados e tortura.
Jammeh inicialmente se recusou a reconhecer sua derrota, mas acabou fugindo do país e indo para o exílio na Guiné Equatorial, sob pressão de uma intervenção militar de países da África Ocidental.
Essas eleições presidenciais são as primeiras sem Jammeh desde 1996.
Os gambianos entrevistados pela AFP concordam com a constatação de uma liberdade reconquistada após anos de medo, e sobre a importância de ir votar para consolidar uma democracia vulnerável.
Adama Barrow reivindica esse regresso das liberdades, construção de estradas e mercados e pacificação das relações com a comunidade internacional. Seu partido prega a "continuidade de desenvolvimentos sem precedentes".
Mas, mesmo no exílio, o ex-ditador Jammeh continua influenciando a política do país, onde ainda tem muitos apoiadores.
O principal adversário do atual presidente é Ousainou Darboe, de 73 anos, um advogado de direitos humanos cuja campanha se baseia em um apelo à mudança.
* AFP