Menos de oito horas após sua eleição pelo Parlamento, a nova primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, renunciou nesta quarta-feira (24) após o fracasso de seu orçamento e a retirada de seus aliados ecologistas do governo.
— Há uma prática constitucional segundo a qual um governo de coalizão renuncia quando um partido sai. Não quero liderar um governo cuja legitimidade esteja em questão — declarou a líder social-democrata, acrescentando que espera ser reeleita em uma votação futura.
Magdalena havia se tornado a primeira mulher eleita para o cargo após vários dias de árduas negociações, mas sofreu um duro revés. Ela, que é economista e ex-nadadora e atuava como ministra das Finanças no governo do primeiro-ministro em fim de mandato Stefan Löfven, chegou a um acordo de última hora com o Partido de Esquerda, na terça-feira (23) à noite — o último apoio que faltava para liderar o governo.
Porém, os problemas começaram quando o Partido de Centro anunciou que não apoiaria o orçamento do governo devido ao pacto com a formação de esquerda.
Como resultado, o mesmo Parlamento que a elegeu pela manhã, aprovou a da oposição de direita, preparada pela primeira vez com um partido de extrema direita.
Magdalena disse que poderia lidar com a questão. Mas seu aliado verde, único partido da coalizão governamental minoritária, disse que era inaceitável governar com uma lei de finanças com a marca da extrema direita.
Pouco depois do fracasso orçamentário, o partido ecologista anunciou a saída do governo, o que obrigou Magdalena renunciar.
O presidente da Câmara, Andreas Norlén, indicou que aceitava sua renúncia e irá entrar em contato com os chefes dos partidos, antes de decidir na quinta-feira como proceder.
Conjuntura política
Conforme analistas, os equilíbrios políticos do Parlamento sueco, que fizeram com que as negociações demorassem quatro meses para a formação de um governo após as últimas eleições em 2018, não permitem uma alternativa a um primeiro-ministro social-democrata.
Destituído por um voto de confiança em junho, Stefan Löfven teve que retornar ao cargo em julho. Após sete anos no poder, anunciou em agosto que renunciaria em novembro — a menos de um ano das eleições legislativas de setembro de 2022.
Conhecida por seu estilo direto, que lhe rendeu o apelido de "polivalente", Magdalena tomou a frente do partido social-democrata no início de novembro.
A Suécia, embora tenda a liderar as listas de igualdade de gênero, nunca havia tido uma mulher como primeira-ministra, ao contrário de todos os outros países nórdicos.
Entusiasmada por ter sido a primeira mulher a chegar ao poder depois de 33 homens desde 1876, Magdalena havia dito que esta quarta-feira era "um dia especial".