Mais de 300 mulheres apresentaram nesta quarta-feira (24), em Dacar, capital do Senegal, denúncias contra a presidente do comitê organizador do concurso Miss Senegal, a quem acusam de fazer "apologia ao estupro".
Em entrevistas publicadas na imprensa local na semana passada, a Miss Senegal 2020 Ndèye Fatima Dione, de 20 anos, afirmou ter sido drogada e violentada em um hospital durante uma festa à qual foi convidada pelo comitê organizador.
A jovem contou que engravidou e foi afastada do comitê do Miss Senegal. Atualmente, ela é mãe de um bebê de 5 meses, cujo pai diz desconhecer, segundo a imprensa.
Em reação às declarações de Ndèye Fatima, a presidente do comitê organizador do Miss Senegal, Amina Badiane, declarou em coletiva de imprensa que "um estupro implica duas pessoas".
"Se você é estuprada é porque buscou isso. Você é maior de idade", disse em wolof, idioma local do país.
Suas palavras provocaram fortes reações de condenação por parte de mulheres e associações de defesa.
"Na primeira hora da tarde já tinham sido apresentadas mais de 300 denúncias. Lançamos uma ideia de denúncia coletiva nas redes sociais e convidamos a quem quisesse aderir que preenchesse um formulário e se reunisse no juizado para apresentar as denúncias", disse nesta quarta-feira à AFP Hourèye Thiam Preira, membro do Coletivo de mulheres, que se reuniu espontaneamente no juizado para remeter o caso ao Ministério Público.
* AFP