O México cancelou na sexta-feira (26) um acordo de isenção de vistos com o Brasil e vai exigir esta autorização de cidadãos brasileiros, após confirmar que o benefício foi utilizado para trabalhar ilegalmente em território mexicano ou para tentar atravessar para os Estados Unidos.
— Os cidadãos da República Federativa do Brasil que pretendem entrar no país como visitantes (...) devem solicitar o visto nos termos das disposições legais aplicáveis — relatou o Ministério do Interior.
O jornal oficial do governo mexicano publicou um acordo governamental que revoga o acordo, em vigor desde fevereiro de 2004, e que ficará sem efeito a partir de 11 de dezembro, quando será necessário visto para turistas brasileiros.
Segundo o governo mexicano, foi identificado "um aumento substancial de brasileiros" que chegam ao país "com finalidades diferentes das permitidas" pelo referido acordo.
A decisão, acrescenta, já foi comunicada ao Brasil e é temporária, mas não tem prazo fixado para expirar.
Em outubro, quando as diretrizes de imigração foram anunciadas, o governo observou que, entre abril e agosto deste ano, foram identificados mais de 38 mil brasileiros que tentaram entrar ilegalmente nos Estados Unidos vindos do território mexicano.
Segundo o Ministério, foram detectados brasileiros que "têm perfil não condizente com o do visitante ou turista genuíno e apresentam inconsistências" em seus documentos.
O México também aboliu temporariamente um acordo de isenção de visto com o Equador e, de acordo com a imprensa local, fará o mesmo com outros países.
O fluxo de migrantes sem documentos, principalmente centro-americanos e haitianos, se multiplicou após a chegada à presidência do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, que prometeu analisar seus casos.
Mais de 190 mil migrantes foram detectados pelas autoridades mexicanas entre janeiro e setembro deste ano, três vezes mais do que em 2020. Cerca de 74.300 foram deportados.