Um alto funcionário do Departamento de Saúde do Reino Unido pediu nesta quarta-feira (20) o retorno de algumas restrições contra a covid-19, como o uso de máscaras em espaços fechados, após o aumento de contágios, hospitalizações e mortes, uma opção descartada no momento pelo governo Boris Johnson.
O número de novos casos diários, entre os mais elevados da Europa, se aproximam dos níveis do inverno (hemisfério norte) e, na segunda-feira (18), o Reino Unido registrou quase 50 mil contágios. As mortes e internações continuam sendo muito menores, mas na segunda o país registrou 223 óbitos por covid, o maior número desde março, o que elevou o balanço a quase 139 mil vítimas fatais.
— Já estamos em uma situação na qual as coisas provavelmente devem piorar em duas ou três semanas. Por isso, nós temos que agir de maneira imediata — declarou ao canal Sky News Matthew Taylor, diretor da NHS Confederation, que reúne várias organizações de saúde pública.
Se o país não adotar medidas, insistiu, a pressão sobre o sistema de saúde aumentará com a chegada do inverno, um período considerado tenso para os hospitais mesmo antes da pandemia.
Com base em uma campanha de vacinação de sucesso e com o desejo de reativar uma economia muito afetada pela covid, o primeiro-ministro Boris Johnson acabou em julho com a maioria das restrições na Inglaterra.
Taylor, no entanto, pediu ao governo a adoção do "plano B", que prevê o retorno de certas medidas, como o uso de máscaras em locais fechados, o teletrabalho e os passaportes sanitários em caso de agravamento da situação. Mas o Executivo descarta novas restrições no momento e afirma confiar na campanha de reforço da vacina para as pessoas que receberam a segunda dose há mais de seis meses.
— Não queremos voltar a um confinamento ou a novas restrições — afirmou o ministro para as Empresas, Kwasi Kwarteng, à Sky News.
Porém, a aplicação da dose de reforço e a vacinação dos adolescentes estão sendo criticadas pela lentidão.
— Sempre podemos fazer melhor — admitiu o ministro.
O governo afirmou na terça-feira que "monitora de perto" uma nova subvariante (AY4.2) que se propaga no Reino Unido. Os cientistas ainda não determinaram se ela é mais contagiosa.
Alguns cientistas atribuem o aumento de casos ao reduzido nível de vacinação entre os menores de idade, à redução da imunidade nos idosos que se vacinaram há muitos meses e à abordagem muito liberal do governo ao tema.