No porto de Los Angeles, o Natal chegou em junho, quando os importadores correram para se adiantarem devido ao engarrafamento causado pela pandemia, que impactou o transporte marítimo mundial, e agora o trabalho é de 24 horas.
O porto, o maior terminal de contêineres da América do Norte, começou a trabalhar 24 horas por dia na quinta-feira (14), depois que a Casa Branca interveio para resolver gargalos que dificultam o comércio e aumentam os preços.
Ainda assim, cerca de doze navios com milhares de contêineres permanecem ancorados na baía aguardando uma vaga nas docas lotadas. Alguns esperam há mais de 10 dias.
Enquanto varejistas e fabricantes lutam para contornarem os bloqueios nos portos, alguns recorreram a Rickenbacker, um aeroporto dedicado à carga cuja localização em Columbus, Ohio, oferece acesso rápido às principais estradas, o que permite aos caminhoneiros chegarem a quase metade da população dos Estados Unidos e a um terço da do Canadá em um dia.
"Estamos ocupados", disse Gene Seroka, diretor executivo do porto de Los Angeles.
Os americanos "não estão indo aos jogos. Não vamos ao cinema nem à ópera. Estamos comprando produtos. Seja em nossos grandes varejistas ou online, esses produtos precisam ser reabastecidos".
- Redes cortadas -
As economias fechadas durante parte do último ano por governos que tentavam conter o coronavírus estão reabrindo e a demanda está no auge, mas a oferta tem dificuldades de alcançá-la.
A globalização gerou redes de abastecimento que se estendem desde a extração de recursos em lugares como Austrália até a produção em fábricas asiáticas e compradores no Ocidente.
Em cada etapa, as mercadorias são carregadas em contêineres e transportadas em navios, trens e caminhões através de portos e estações.
Se uma conexão falhar, toda a rede é interrompida. Durante a pandemia, isso aconteceu com quase todos. E mesmo que os Estados Unidos tenham começado a se normalizar, os efeitos persistem.
"Tudo está atrasado. Todos os navios estão no oceano", disse à AFP Tony Nguye, motorista de caminhão há quase 10 anos. "Este ano está sendo terrível. Nunca vi isso antes", acrescenta.
Devido às interrupções, os importadores americanos iniciaram seus preparativos para a temporada de compras de Natal antecipadamente. Enquanto as pessoas se preparavam para o verão boreal, eles carregavam itens natalinos e brinquedos.
"Os importadores começaram a carregar as compras de Natal em junho; dois meses e meio antes", disse.
- Impacto mundial -
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou na terça-feira que as alterações nas redes de abastecimento estão encarecendo os produtos. Nos Estados Unidos, os preços do consumidor subiram mais de 5% em 12 meses até setembro.
Existem muitos fatores por trás da falta de matérias-primas e bens finalizados que afeta os comerciantes varejistas.
Também são influenciados pelos fechamentos forçados de fábricas devido às restrições da covid, um aumento inesperado da demanda de alguns bens, mudanças na conduta dos consumidores e falta de trabalho.
Mas o atraso dos portos americanos foi um fator preponderante.
Em nenhum lugar isso é mais evidente do que nos portos próximos a Los Angeles e Long Beach, as principais portas de entrada para a Ásia, onde milhares de contêineres são empilhados, processados e organizados todos os dias.
Todo ano, um quarto de trilhão de dólares em bens passa pelo porto de Los Angeles. O Banco Mundial estima que 8,5% dos contêineres do mundo está detido nesses portos ou próximo a eles.
* AFP