— O Afeganistão entrará, "provavelmente", em uma guerra civil — disse o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley, em entrevista à rede Fox News no sábado (4), advertindo que essas condições podem permitir o ressurgimento de grupos terroristas no país.
Ao mesmo tempo em que as tropas americanas deixavam o território afegão, os talibãs lançaram uma ofensiva relâmpago que culminou em sua retomada do poder no país. No momento, apenas a província de Panshir, no norte, ainda resiste aos radicais islâmicos.
— Minha estimativa militar (...) é que é provável que se deem as condições para uma guerra civil — afirmou o general.
Milley manifestou dúvidas de que o Talibã consiga consolidar o poder e manter uma governabilidade efetiva.
— Acho que, no mínimo, há uma probabilidade muito forte de uma guerra civil — que pode levar a "uma reconstrução da Al-Qaeda, ou ao crescimento do EI (o grupo Estado Islâmico), ou de outros grupos terroristas", avaliou.
— É muito provável que vejamos um ressurgimento do terrorismo procedente dessa região em geral dentro de 12, 24, ou 36 meses — acrescentou.
Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e derrubaram o primeiro governo talibã em 2001, após os atentados do 11 de Setembro liderados pela rede Al-Qaeda, de Osama bin Laden, então protegida neste país da Ásia Central.
Governos ocidentais temem que o Afeganistão se torne, novamente, um santuário para grupos extremistas determinados a lançar ataques contra eles. Os Estados Unidos afirmam que serão capazes de conter qualquer ameaça à sua segurança no Afeganistão.
Ontem, em meio à resistência no Vale do Panshir, os talibãs adiaram pela segunda vez a apresentação de seu futuro gabinete, cuja composição pode dar pistas sobre como serão os próximos anos no Afeganistão. Originalmente, o novo Executivo seria anunciado na sexta-feira (3), sendo adiado para sábado (4), o que acabou não acontecendo.
Agora, todas as atenções se voltam para a formação do governo talibã e se ele será capaz de recuperar uma economia devastada e honrar seu compromisso de uma administração "inclusiva".
O que parece claro até o momento, com base em diferentes declarações de seus membros, é que "pode não haver" mulheres encarregadas de ministérios, ou em cargos de alto escalão.
Durante seu período no poder entre 1996 e 2001, marcado pela aplicação estrita da lei islâmica (sharia), as mulheres foram banidas do espaço público afegão.