O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, e seu antecessor Laurent Gbagbo reuniram nesta terça-feira (27), pela primeira vez, desde seu duelo na eleição presidencial de 2010, a qual levou a uma violenta crise no país.
"Como você está, Laurent? Estou feliz em ver você", disse Ouattara a Gbagbo ao recebê-lo na entrada do palácio presidencial em Abidjan, onde os dois se abraçaram e caminharam de mãos dadas.
Após uma reunião de meia hora, ofereceram uma coletiva de imprensa na qual os dois ressaltaram um encontro "fraterno" e "relaxado".
Para além do ambiente caloroso da reunião, Laurent Gbagbo pediu ao atual chefe de Estado que liberte os presos detidos durante a violenta crise pós-eleitoral de 2010-2011 e que continuam na prisão.
"Eu era chefe de fileiras, hoje estou fora e eles, na prisão. Gostaria que o presidente fizesse tudo o que pudesse para libertá-los", afirmou.
"Esta crise criou divergências mas isto ficou para trás. O que importa é a Costa do Marfim, a paz no nosso país", afirmou Ouattara.
O último encontro entre os dois remontava a 25 de novembro de 2010, durante um debate de mais de duas horas transmitido pela televisão, a poucos dias do segundo turno da eleição presidencial.
Estas eleições degeneraram em uma grave crise que deixou mais de 3.000 mortos, devido à recusa de Gbagbo a reconhecer sua derrota nas urnas.
O ex-presidente terminou sendo preso e levado ao Tribunal Penal Internacional por acusações de crimes contra a humanidade. Foi absolvido.
Com seu retorno à Costa do Marfim, a palavra reconciliação está na boca de todos.
Depois de uma primeira conversa por telefone no começo de julho, este encontro, ao qual devem se seguir outros, deveria ser um primeiro passo para o apaziguamento da vida política marfinense após o retorno de Gbagbo em 17 de junho.
"Concordamos em nos ver de novo de vez em quando. É importante restabelecer a confiança e que os marfinenses se reconciliem e também confiem", disse Ouattara.
O governo também deu sinal verde para o retorno do ex-presidente ao país, em nome da "reconciliação nacional", dando a entender que se tentará aplicar a pena de 20 anos de prisão em aberto contra Gbagbo.
* AFP