A Procuradoria de Madagascar anunciou ter frustrado uma tentativa de assassinato do presidente Andry Rajoelina e prendeu várias pessoas "estrangeiras e malgaxes".
"Vários cidadãos estrangeiros e malgaxes foram detidos na terça-feira como parte de uma investigação por atentar contra a segurança do Estado", declarou a procuradora-geral Berthine Razafiarivony na noite de quarta-feira (21).
Entre os detidos, há dois franceses, informou uma fonte diplomática nesta quinta-feira (22).
"De acordo com as provas materiais que temos, esses indivíduos arquitetaram um plano de eliminação e neutralização de várias personalidades malgaxes, incluindo o chefe de Estado", acrescentou a procuradora.
"Nesta fase da investigação que continua, a Procuradoria-Geral garante que este caso será esclarecido", destacou.
O ministro da Segurança Pública, Fanomezantsoa Rodellys Randrianarison, informou a apreensão de "armas e dinheiro" durante as detenções, que ocorreram "ao mesmo tempo, mas em locais diferentes". "Existem documentos oficiais que comprovam o envolvimento dele", declarou.
A agência malgaxe Taratra, subordinada ao Ministério da Comunicação, afirmou que os dois franceses detidos, Philippe F. e Paul R., são ex-oficiais aposentados.
De acordo com os perfis do LinkedIn dos dois franceses, Philippe F. seria atualmente o gerente de uma empresa de investimento e consultoria para investidores internacionais em Madagascar.
Paul R., um franco-malgaxe, foi assessor do atual presidente Andry Rajoelina até 2011. Ele atualmente seria assessor do arcebispo da capital, Antananarivo.
Durante a celebração da festa de Independência de Madagascar, em 26 de junho, as forças de segurança anunciaram terem frustrado uma tentativa de assassinato do secretário de Estado encarregado da Gendarmeria, o braço direito do presidente, general Richard Ravalomanana.
Um dos países mais pobres do mundo, Madagascar sofreu muitas crises políticas nos últimos 20 anos.
Sem o apoio do exército, o presidente Marc Ravalomanana renunciou em 2009, dando plenos poderes a uma junta militar que depois os transferiu para Andry Rajoelina, que deixaria suas funções em 2013.
Apelidado de "TGV" (como os trens de alta velocidade franceses) por seu caráter ousado, o publicitário de 47 anos retornou à política e voltou ao poder nas contestadas eleições presidenciais de 2018.
Desde então, a pressão, intimidação e ameaças contra jornalistas na ilha continuaram a se multiplicar, segundo a Repórteres Sem Fronteiras.
Nove canais de televisão e rádio foram suspensos em abril sob o pretexto de serem "passíveis de perturbar a ordem e a segurança e prejudicar a unidade nacional".
* AFP