As más condições atmosféricas impediram, nesta quinta-feira (3), que uma equipe de mergulhadores da Marinha do Sri Lanka inspecionasse o navio cargueiro "MV X-Press Pearl", devastado por um incêndio que durou 13 dias perto do principal porto de Colombo.
O país se prepara para um possível derramamento de petróleo e pediu ajuda internacional diante desse cenário.
"Pedimos ajuda à Índia", informou à AFP um funcionário envolvido nas ações que estão sendo tomadas para tentar conter o máximo possível um desastre ecológico que já está ocorrendo e que provavelmente será agravado por um derramamento de petróleo.
A Guarda Costeira indiana participou nas operações para extinguir o incêndio que eclodiu a bordo do navio em 20 de maio.
Produtos dispersantes de petróleo e barreiras flutuantes estão prontos para responder imediatamente a qualquer sinal de vazamento do "MV X-Press Pearl", que começou a afundar na quarta-feira na costa oeste da ilha, disseram as autoridades.
O proprietário do navio, X-Press Feeders, disse que o cargueiro estava afundando lentamente após uma tentativa fracassada de rebocá-lo na quarta ao largo da costa do Sri Lanka.
O X-Press Feeders "pode confirmar que a parte traseira da embarcação repousa no fundo do mar a uma profundidade de cerca de 21 metros, e que a frente está afundando lentamente", declarou a empresa em comunicado nesta quinta-feira.
A Marinha do Sri Lanka informou que a proa do navio ainda estava acima da linha d'água.
- "Carga perigosa" -
"Mesmo que a proa toque o fundo do mar, ainda haverá uma parte do convés fora d'água", declarou à AFP Indika de Silva, porta-voz da Marinha.
O navio de 31.600 toneladas tem 186 metros de comprimento e 45 metros de altura.
No momento, não há sinais visíveis de vazamento das 350 toneladas de combustível contidas no navio, segundo o porta-voz.
No entanto, o risco de derramamento de petróleo e produtos tóxicos continua alto, pois o navio transportava grande quantidade de lubrificantes e 81 contêineres de "carga perigosa", incluindo 25 toneladas de ácido nítrico.
Toneladas de pequenos grânulos de plástico, destinados à indústria de embalagens, provenientes do carregamento do "MV X-Press Pearl", já cobrem cerca de 80 km da costa oeste da ilha, que sofre a pior catástrofe ecológica de sua história.
O Centro para a Justiça Ambiental (CEJ) do Sri Lanka teme uma contaminação por metais pesados e um derramamento de petróleo.
"Há uma sopa química nesta zona marítima. Os danos ao ecossistema marinho são incalculáveis", declarou à AFP o diretor do CEJ, Hemantha Withanage.
O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, pediu na segunda-feira à Austrália ajuda para avaliar os danos ecológicos a esta ilha, que abriga uma das mais ricas biodiversidades do sul da Ásia.
Os danos ecológicos estão sendo avaliados, de acordo com a presidente da Autoridade de Proteção Ambiental Marinha, Dharshani Lahandapura, que disse se tratar do pior desastre que já viu no país.
Uma proibição de pesca foi emitida e "afeta 4.300 famílias na minha cidade", afirmou Denzil Fernando, chefe de uma associação de pescadores em Negombo.
"A maioria das pessoas vive com uma refeição por dia. O governo deve autorizar a pesca ou nos pagar uma indenização", acrescentou.
As autoridades, que abriram uma investigação criminal sobre o incêndio e a contaminação, acreditam que o incêndio foi causado por um vazamento de ácido nítrico observado pela tripulação desde 11 de maio, muito antes de o navio entrar nas águas do Sri Lanka.
Os três principais membros da tripulação, incluindo o capitão e o mecânico-chefe, ambos russos, terão que permanecer na ilha durante toda a investigação, informou a polícia. Seus passaportes foram confiscados na terça-feira por ordem de um tribunal.
Depois do Sri Lanka, o navio continuaria sua rota para a Malásia e Singapura.
* AFP