O grupo dos sete países mais ricos do mundo, o G7, se comprometeu na última sexta-feira (11) a ampliar de 500 milhões para 1 bilhão o número de doses de vacinas contra a covid-19 doado para os países mais pobres do planeta, como parte do esforço para conter a pandemia.
Além das 500 milhões de doses anunciadas pelos Estados Unidos, na última quinta-feira (10), serão somados 100 milhões do Reino Unido e mais 400 milhões de Itália, Canadá e Japão. Os EUA divulgaram uma lista de 92 países que receberão as doses, e o Brasil não estava incluído - o grupo acredita que o país tenha capacidade de comprar a própria vacina.
O anúncio foi feito nessa sexta-feira (11), no primeiro dia de cúpula do G7 na Cornualha, onde os líderes de Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido se reuniram pessoalmente pela primeira vez desde 2019. Em razão da pandemia, que já matou quase 128 mil britânicos, não houve apertos de mãos e todos mantiveram o distanciamento.
O controle da pandemia foi a principal pauta da reunião, além do foco na recuperação da economia global. Em discurso, o premiê britânico, Boris Johnson, alertou para o risco de repetir os erros dos últimos 18 meses de luta contra o coronavírus, quando as novas ondas de contágio e o surgimento de variantes do vírus prejudicaram a economia.
Como a maioria das pessoas precisa de duas doses de vacina, e possivelmente de doses de reforço para se protegerem de cepas emergentes, ativistas disseram que o plano das potências de doar 1 bilhão de vacinas a países mais pobres carece de ambição, é lento demais e mostra que os líderes ainda não estão à altura da tarefa de enfrentar a pior crise de saúde pública em um século.
– Os novos compromissos de EUA e Reino Unido são um passo na direção certa, mas não vão longe e rápido o suficiente. O que o mundo precisa é de vacinas agora, não no final do ano. Neste momento histórico, o G7 precisa mostrar a liderança política que nossa crise exige. Pedimos que os líderes do G7 mostrem mais ambição – disse Alex Harris, diretor de relações governamentais da Wellcome, instituição de caridade com sede em Londres.
Os membros do grupo de nações mais ricas concordaram sobre a necessidade de continuar apoiando suas economias com estímulos fiscais após os prejuízos provocados pela pandemia, segundo uma fonte familiarizada com as discussões de ontem. O apoio a mais estímulos foi compartilhado por todos os líderes, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, que tradicionalmente se opõe a grandes créditos para estimular o crescimento, uma posição que ela relaxou em razão da crise.
Desde que o presidente americano, Joe Biden, chegou à Europa, na quarta-feira, em sua primeira viagem oficial ao Exterior, ele deixou claro que este é um momento em que as democracias devem provar que podem enfrentar os desafios mais graves do mundo. E devem fazer isso de uma forma que o mundo possa ver, à medida que autocratas e homens fortes - especialmente na Rússia e na China - promovem seus sistemas de governança como superiores.
Mas, apesar de as democracias ricas estarem intensificando seus esforços no combate à pandemia, a escala do desafio é enorme. O Covax, programa global de compartilhamento de vacinas, ainda permanece sem fundos e com bilhões de doses a menos do que o necessário. O FMI estima que custará cerca de US$ 50 bilhões para ajudar o mundo em desenvolvimento a acabar com a pandemia.
Além das inúmeras vidas salvas, o FMI afirma que tal investimento poderia trazer um enorme retorno: US$ 9 trilhões em crescimento econômico global. A Casa Branca informou ontem que os EUA e outras nações do G7 estão cogitando realocar US$ 100 bilhões das reservas do FMI para ajudar os países que enfrentam mais dificuldades com a crise da covid-19.
"Com um tamanho potencial de até US$ 100 bilhões, o esforço proposto apoiaria mais as necessidades de saúde - incluindo vacinações - e ajudaria a permitir recuperações econômicas mais verdes e robustas em países vulneráveis, além de promover uma recuperação global equilibrada, contínua e inclusiva", informou a Casa Branca, em comunicado divulgado ontem.
A reunião também vem servindo para marcar o "retorno" dos americanos ao multilateralismo, nas palavras de Biden, após os anos "isolacionistas" de Donald Trump.
— Desejo trabalhar com nossos aliados e sócios para construir uma economia mundial mais justa e inclusiva — disse o presidente americano, que quer formar uma frente unida contra Rússia e China.