O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou que atuou "legalmente" ao decidir desviar um avião de passageiros a Minsk depois de receber uma ameaça de bomba e negou que tenha determinado um pouso forçado para prender um dissidente.
"Atuei legalmente para proteger as pessoas", declarou, segundo a agência oficial Belta.
Lukashenko também rebateu a acusação de que enviou um caça MiG-29 para forçar o pouso do voo da Ryanair.
"É uma mentira absoluta dizer que o avião foi forçado a pousar por um MiG-29", insistiu. "A missão do caça era era estabelecer a comunicação, acompanhar a aterrissagem do avião em caso de emergência", completou.
Lukashenko, que está no poder desde 1994, também criticou os "ataques" ocidentais, que segundo ele ultrapassaram as "linhas vermelhas", em referência às críticas de vários países ao desvio forçado do avião para Minsk.
"Nossos adversários do exterior e dentro do país mudaram de método para atacar nosso Estado. Ultrapassaram várias linhas vermelhas, eles foram muito além dos limites do entendimento e da moral humana", afirmou o chefe de Estado, segundo a agência Belta, em um discurso para líderes políticos.
A reeleição de Lukashenko em 2020, considerada fraudulenta, provocou grandes protestos nas ruas de Belarus. Ele atribui as manifestações ao que chama de oposição dirigida por países ocidentais, que acusa de buscar sua derrubada.
Nesta quarta-feira, o presidente bielorrusso denunciou que seu país é "cenário de experimentos para depois seguir para o Leste".
Lukashenko afirmou em diversas ocasiões que, depois dele, o próximo alvo na lista de americanos e europeus é o presidente russo, Vladimir Putin, seu principal aliado.
Ele também falou sobre a situação do jornalista opositor Roman Protasevich, que viajava a bordo do avião da Ryanair (que seguia a rota Atenas-Vilnius) e foi detido em Minsk. Lukashenko o chamou de "terrorista".
Protasevich, de 26 anos, foi chefe de redação do influente meio de comunicação opositor Nexta, que ajudou a coordenar a grande mobilização dos bielorrussos durante os protestos de 2020.
A televisão bielorrussa exibiu na segunda-feira um vídeo do jovem, gravado em uma prisão de Minsk.
Após o incidente, a União Europeia (UE) decidiu fechar seu espaço aéreo a Belarus e adotou novas sanções contra políticos e instituições da ex-república soviética.
* AFP