A ofensiva da comunidade internacional se intensificou nesta terça-feira (18) para tentar deter os bombardeios do exército israelense em Gaza e os lançamentos de foguetes palestinos contra Israel, sem a perspectiva de uma trégua após uma semana de escalada violenta.
Ao menos 222 pessoas morreram, incluindo 212 palestinos, desde o início da espiral de violência na segunda-feira da semana passada entre Israel e os grupos palestinos da Faixa de Gaza.
Na Cisjordânia ocupada por Israel, os confrontos de manifestantes com o exército israelense deixaram 20 mortos em uma semana, segundo o balanço atualizado por fontes palestinas.
O movimento Fatah convocou o que chamou de "dia da ira" e uma greve geral para esta terça-feira. A mesma convocação foi anunciada em cidades árabes israelenses e localidades "mistas" de Israel, onde a tensão entre judeus e árabes é cada vez maior.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá pela quarta vez para uma sessão de emergência nesta terça, mas o governo dos Estados Unidos permanece contrário à adoção de uma declaração que peça o "fim da violência".
O presidente americano, Joe Biden, acusado pelo próprio partido de falta de firmeza com Israel, expressou na segunda-feira (17) apoio a um "cessar-fogo", durante uma ligação com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Os protagonistas do conflito ignoram os apelos.
— Nossa linha é seguir atacando os alvos terroristas — declarou o chefe de Governo israelense.
Durante a noite, os ataques prosseguiram no território palestino: aviões de combate israelenses lançaram mísseis sobre edifícios da cidade de Gaza e as explosões iluminaram o céu.
Os bombardeios de segunda-feira atingiram os escritórios do Crescente Vermelho catari e a única clínica dedicada à detecção de covid-19 no território devastado pela pobreza e sob bloqueio israelense há quase 15 anos.
O exército israelense informou no Twitter que registrou 50 ataques com foguetes a partir de Gaza entre 19h de segunda-feira (13h de Brasília) e 7h (1h de Brasília) de terça-feira contra seu território. Também informou que atacou "65 alvos terroristas com 62 aviões de combate" no enclave de 2 milhões de habitantes.
Desde 10 de maio, no início das hostilidades, 3.440 foguetes foram lançados a partir da Faixa de Gaza, indicou o exército israelense. De acordo com os militares, 90% dos projéteis foram interceptados pelo sistema de defesa antiaéreo.
Civis
— Nós só podemos ficar em casa, a morte pode chegar a qualquer momento — declarou Ruba Abu Al Auf em Gaza. — Os bombardeios são uma loucura e não distinguem entre pessoas.
Os mísseis israelenses deixaram crateras nas calçadas e provocaram graves danos à rede de energia elétrica, o que deixou Gaza novamente no escuro. Existe o risco de crise humanitária, com quase 40 mil palestinos deslocados e 2,5 mil pessoas que perderam suas casas nos bombardeios.
O movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, ameaçou lançar mais foguetes contra Tel Aviv se a aviação israelense "não parar de apontar contra civis". Dezenas de mísseis do grupo caíram no sul de Israel.
O exército afirma que apontou contra o que chama de "metrô" — túneis subterrâneos que segundo Israel permitem ao movimento islamita transferir suas munições — e as casas de comandantes do Hamas, porque algumas, alega, são utilizadas para "armazenar armas".
Dos 212 palestinos mortos em Gaza, 61 eram menores de idade. Mais de 1.400 palestinos ficaram feridos.
No lado israelense, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram feridas nos ataques de foguetes.
Em outra frente, a partir do sul do Líbano voltaram a ser lançados foguetes contra Israel, mas que não atingiram o território do país. O exército do Estado hebreu anunciou que atacou o "ponto de lançamento" do projéteis.
Diplomacia "discreta"
Na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, o presidente Mahmud Abbas pediu ao emissário americano Hady Amr uma "intervenção" de Washington. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, defendeu a abordagem diplomática "discreto, mas "intensiva" de Washington sobre o tema.
Os presidentes Emmanuel Macron (França) e Abdel Fatah al Sisi (Egito) desejam atuar como mediadores para obter um cessar-fogo e solicitarão o apoio da Jordânia. Há outro canal aberto, por meio da ONU, com a ajuda do Catar e do Egito.
A União Europeia também abordará o conflito, o mais violento desde 2014, em uma reunião por videoconferência dos ministros das Relações Exteriores.
O conflito teve início em 10 de maio, com mísseis lançados pelo Hamas contra Israel em "solidariedade" com as centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental.
A violência foi motivada pela ameaça de expulsão de famílias palestinas a favor de colonos israelenses neste setor palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.