O exército israelense voltou a bombardear Gaza na madrugada desta segunda-feira (17), após uma semana que deixou quase 200 mortos no confronto entre Israel e o grupo islamita Hamas, que continuam ignorando os apelos internacionais para o fim das hostilidades.
Na madrugada de domingo para segunda-feira, a aviação israelenses efetuou dezenas de bombardeios em poucos minutos, provocando cortes de energia elétrica. Centenas de edifícios foram destruídos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades locais, que ainda não divulgaram um balanço de vítimas.
O exército israelense informou em um comunicado que atacou noves casas que pertencem a comandantes do Hamas, incluindo algumas que eram utilizadas para "armazenar armas".
— Nunca aconteceram bombardeios deste calibre — afirmou Mad Abed Rabbo, 39 anos, que mora na zona oeste da cidade de Gaza e disse que tem o sentimento de "horror, medo".
— Eu tive a sensação de morrer — declarou Mani Qazaat, outro morador da região.
Os bombardeios aconteceram depois que 42 palestinos, incluindo oito menores de idade e dois médicos, morreram no domingo no território governado pelo Hamas, segundo o ministério da Saúde local.
Desde 10 de maio, quando teve início a espiral de violência, ao menos 197 palestinos morreram, incluindo 58 menores de idade, e mais de 1,2 mil ficaram feridos.
Do lado de Israel, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram feridas nos ataques de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza.
"Legítimo"
Os grupos armados palestinos, incluindo o braço militar do Hamas, lançaram mais de 3.100 projéteis contra Israel desde o início das hostilidades, informou o exército. A maioria dos foguetes foi interceptada pelo escudo antimísseis Domo de Ferro.
— Nossa campanha contra as organizações terroristas segue a pleno vapor — afirmou no domingo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que justificou o bombardeio de um edifício de 13 andares que abrigava os escritórios do canal Al Jazeera (Catar) e da agência americana de notícias Associated Press (AP).
Era um "alvo perfeitamente legítimo", declarou, antes de explicar que o ataque foi baseado em informações dos serviços de inteligência.
O exército israelense, que alega ter como alvos as áreas e equipamentos do Hamas, alguns comandantes e túneis subterrâneos, acusa o movimento islamista de usar os civis como "escudos".
Em sua ofensiva contra o Hamas, o exército israelense anunciou que atacou as residências de Yahya Sinouar, líder do grupo islamita na Faixa de Gaza, e de seu irmão, "um militante terrorista". Fontes das unidades de segurança palestinas confirmaram o bombardeio, mas não informaram sobre o paradeiro de Sinouar.
Confrontos
O último grande confronto entre Israel e Hamas aconteceu em 2014. O conflito de 51 dias destruiu a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 em Israel, a maioria soldados.
A violência "tem o potencial de provocar uma crise de segurança e humanitária incontrolável e estimular ainda mais o extremismo", alertou no domingo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.
— Este ciclo insensato de derramamento de sangre, terror e destruição deve parar imediatamente — implorou, mas a terceira reunião virtual sobre o tema acabou sem avanços.
De acordo com fontes diplomáticas entrevistadas pela AFP, os representantes dos Estados Unidos se negaram novamente a divulgar uma declaração conjunta que permita alcançar rapidamente o fim dos confrontos.
A onda de violência começou após uma série de foguetes lançados pelo Hamas contra Israel em "solidariedade" com centenas de palestinos feridos nos distúrbios com a polícia israelense em Jerusalém Oriental, em manifestações provocadas pela ameaça de expulsão forçada de famílias palestinas a favor de colonos israelenses no bairro de Sheikh Jarrah.
No domingo à noite, um veículo avançou neste bairro contra uma viatura israelense e deixou vários feridos. A polícia informou que matou o agressor. Também anunciou "um certo número de detenções" após os confrontos noturnos registrados em outros setores de Jerusalém Oriental, ocupado e anexado por Israel.
As hostilidades chegaram à Cisjordânia, território palestino também ocupado por Israel desde 1967, onde os confrontos com o exército israelense deixaram 19 mortos entre os palestinos na última semana.
Israel também enfrenta em seu território violência intercomunitária nas cidades mistas onde vivem judeus e árabes israelenses.