O médico Victor Sorrentino, detido após assédio a uma vendedora de loja no Cairo, no Egito, segundo as autoridades locais, teria ido até o país africano para um compromisso profissional.
De acordo com Amanda Bernardis, advogada de Sorrentino no Brasil, ele viajou para gravar um curso, que posteriormente iria ser divulgado em suas plataformas. As aulas seriam sobre hábitos saudáveis — o médico é conhecido por publicar conteúdos sobre o assunto nas redes sociais, além de dar palestras e escrever livros na área de nutrologia e medicina do envelhecimento saudável.
Conforme a advogada, Sorrentino não foi preso e está “somente prestando esclarecimentos às autoridades egípcias”. A versão dela difere do comunicado divulgado pelo Ministério do Interior do país, que informou a prisão do médico no último domingo (30).
— É um absurdo dizer que ele está preso. Ele está apenas prestando esclarecimentos, não há nada de prisão. Neste momento, está no telefone com a irmã, contando sobre tudo. Agora mesmo estou com a localização dele aqui. Um preso não pode mexer no celular — afirma Amanda.
Defensora de longa data do médico, que tem consultórios em São Paulo e Porto Alegre, a advogada espera a finalização dos trâmites no Egito para dar mais detalhes sobre o andamento do caso.
— Vamos ficar sabendo aos poucos, e conforme soubermos, vamos agir. São culturas e legislações diferentes — explica.
Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram — rede na qual restringiu o acesso de usuários após a repercussão do ocorrido no Egito —, Sorrentino também publica vídeos com dicas de emagrecimento e uso de suplementos alimentares.
O pai e o irmão do médico são cirurgiões plásticos. Formado em 2004 pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Sorrentino teria iniciado residência médica na área, mas segundo sua advogada, não chegou a conclui-la. O cadastro no site do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) consta com “especialidade não definida”.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (31), a família do médico informou que "são irreais e inverídicas" as manchetes de prisão do médico, e que quando terminados os trâmites no país, ele "retornará e explicitará todo o ocorrido":
"Vimos, por meio desta informar, que são irreais e inverídicas as manchetes de prisão do Dr. Victor Sorrentino. O médico está prestando esclarecimento às autoridades para desfazer, assim como já havia feito, inclusive, com a própria egípcia, os vieses maldosos implementados aos seus atos por parte da imprensa, na última semana. Assim, quando terminados os trâmites no país, o Dr. Victor retornará e explicitará todo o ocorrido".
Em um comunicado, o Itamaraty afirmou que já foi informado sobre o caso e que "as autoridades brasileiras no Egito estão prestando assistência consular cabível ao cidadão". Além disso, afirmou que não fornece informações sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no Decreto 7.724/2012.