A Tanzânia estava de luto nesta quinta-feira (18), após o anúncio da morte do presidente John Magufuli, que dirigiu este país da África Oriental por mais de cinco anos em um mandato marcado por grandes projetos, mas também por uma tendência autoritária.
Esta manhã, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro na capital econômica, Dar es Salaam, no primeiro dos 14 dias de luto nacional decretado pela vice-presidente, Samia Suluhu Hassan, que anunciou a morte do chefe de Estado na quarta-feira à noite.
Será Samia Suluhu Hassan quem substituirá Magufuli à frente do país até o final do mandato de cinco anos.
Oficialmente, John Magufuli (61 anos) faleceu na quarta-feira em decorrência de problemas cardíacos, embora um de seus principais adversários políticos, Tindu Lissu, tenha garantido que ele realmente morreu de "corona" uma semana antes do anúncio de sua morte.
"Magufuli não morreu esta noite. Tenho informações, basicamente das mesmas fontes, que me disseram que ele estava gravemente doente, que Magufuli está morto desde quarta-feira da semana passada", disse Lissu em entrevista gravada na quarta, mas transmitida nesta quinta-feira na emissora queniana KTN.
Assim que foi anunciada a morte do líder, que governava o país desde 2015, muitos moradores de Dar es Salaam expressaram consternação.
"Estou muito triste, sofro porque tínhamos nosso líder, nosso presidente que amávamos e que nos amava, os pobres", declarou o vendedor ambulante Innocent Tionoke.
"Ele era o presidente dos desprivilegiados", disse um colega, Hassan Sayid.
Magufuli, apelidado de "retroescavadeira", chegou ao poder prometendo combater a corrupção e realizou grandes projetos de infraestrutura, como a instalação de redes elétricas em áreas rurais, a renegociação de contratos de mineração e a promoção do ensino gratuito.
"Os pobres começaram a progredir, os negócios estavam prosperando e se você tivesse um problema, o presidente iria ouvi-lo", comentou Kondo Nyumba, chorando esta manhã numa banca de jornal em Dar es Salaam.
No entanto, seus anos no poder também foram marcados por uma inflação galopante, pouca criação de empregos e uma política agressiva de arrecadação de impostos.
Além disso, realizou uma forte repressão contra a oposição, a mídia e a sociedade civil e reduziu os direitos de homossexuais e estudantes grávidas.
Sua reeleição em outubro passado, em um contexto de forte repressão, com 84,39% dos votos, foi denunciada pela oposição como uma "fraude total".
"Não lamento" sua morte, comentou um vendedor de Dar es Salaam, que se identificou como William.
"Estávamos preparado uma vaca para matá-la e o dia que eu estava esperando [para fazê-lo] chegou. Eu não lamento, eu lamento pelas pessoas que morreram sob seu regime".
Maria Sarungi, uma famosa ativista pelos direitos das mulheres, também não escondia seu alívio.
"Escrever RIP [acrônimo em inglês para "Rest in peace" - Descanse em paz] não combina comigo, eu não gosto de hipocrisia. Eu digo #ByeMagufuli. É isso", tuitou.
* AFP