Onde está o presidente da Tanzânia John Magufuli? O chefe de Estado de 61 anos está há 17 dias sem fazer uma aparição pública, em um contexto de persistentes rumores sobre seu estado de saúde.
O governo não deu uma resposta clara sobre seu paradeiro, mas tenta conter os rumores com prisões. O próprio silêncio de Magufuli é revelador, segundo os analistas entrevistados pela AFP.
"Independentemente do que esteja acontecendo, está claro que o governo está tentando ganhar tempo", explica Nic Cheeseman, professor de democracia na Universidade de Birmingham e especialista na região. "Prolongar a espera só tem sentido se o presidente estiver muito doente, incapacitado, ou morto".
Em fevereiro, a Tanzânia, que alegava estar livre da covid-19, graças às orações, vivenciou uma onda de mortes atribuídas oficialmente à pneumonia.
No dia 19 desse mês, no funeral do chefe da administração pública John Kijazi, cuja causa da morte não foi informada, Magufuli admitiu a presença de uma "doença respiratória" no território.
No dia 24, o ministro da Economia Philip Mpango, que tossia e respirava com dificuldade, foi obrigado a desmentir em uma coletiva de imprensa os rumores de que Kijazi teria morrido de covid-19.
Magufuli apareceu pela última vez em público em 27 de fevereiro. Desde então, o devoto católico faltou a missa três vezes.
Há uma semana, o líder da oposição Tundu Lissu exilado na Bélgica se uniu a outras autoridades para questionar a ausência do presidente, afirmando a presença de uma forma severa de coronavírus, agravada por problemas de saúde.
Na segunda-feira, Lissu disse no Twitter que, segundo fontes da comunidade de Inteligência, o presidente "está com covid-19, usa um suporte de vida e está paralisado de um lado da cintura para baixo".
Um dos boatos é que Magufuli está em um hospital no Quênia, ou na Índia, enquanto outros dizem que ele ainda está na Tanzânia.
Os jornais quenianos informaram que um "líder africano" está sendo tratado em um hospital de Nairóbi, mas fontes oficiais negaram a presença de Magufuli.
Vários hospitais indianos entrevistados pela AFP também negaram a presença do presidente no hospital. O Ministério das Relações Exteriores não respondeu aos pedidos de comentários.
O governo da Tanzânia se mostrou evasivo, mas prometeu penas de prisão para quem espalhar boatos sobre a saúde do presidente. Até agora, três pessoas foram detidas: uma em Dar-es-Salaam, e duas, na região do norte de Kilimanjaro.
Na segunda-feira, a vice-presidente Samia Suluhu Hassan disse que "nosso país está agora repleto de rumores procedentes do exterior, mas precisamos ignorá-los. É bastante normal que alguém tenha gripe, febre, ou alguma outra doença", comentou.
Seja qual for a verdade, os tanzanianos estão ansiosos para ver novamente seu líder, que foi reeleito para um segundo mandato em outubro.
* AFP