O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, manifestou nesta segunda-feira (22) sua firme oposição a um possível bloqueio das exportações, por parte da União Europeia (UE), das vacinas contra a covid-19 produzida em seu território.
"Sou realmente contra. Acredito que seria uma medida muito retrógrada", disse o líder irlandês à emissora pública de rádio e televisão RTE.
A declaração foi dada depois que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ameaçou, no sábado, impedir a saída de vacinas da AstraZeneca produzidas em seu país, se os 27 membros do bloco não receberem primeiro as entregas prometidas pelo laboratório britânico.
A dirigente europeia lembrou que o contrato da UE com a AstraZeneca prevê a entrega de doses produzidas tanto no território do bloco quanto no Reino Unido.
"É absolutamente vital que mantenhamos as cadeias de abastecimento abertas", defendeu Martin, apesar das "enormes tensões" entre Bruxelas e a AstraZeneca, que "não cumpriu seu contrato".
O primeiro-ministro irlandês alertou que, se a UE começar a colocar barreiras, outros países poderão fazer o mesmo com os componentes usados na produção de vacinas.
"Se todos os países de todos os continentes começarem a fazer isso, teremos problemas em todo mundo", advertiu.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse hoje que, após conversas com líderes europeus "nos últimos meses", está "tranquilo" que a UE não vai impor um "bloqueio" às vacinas.
"Todos enfrentamos a mesma pandemia, todos temos os mesmos problemas", disse o líder conservador britânico.
"As campanhas de vacinação, o desenvolvimento de vacinas, seu deslocamento: são projetos internacionais que exigem cooperação internacional", acrescentou Johnson, durante visita a instalações da gigante britânica da defesa BAE Systems, no noroeste da Inglaterra.
Johnson ressaltou que o Reino Unido seguirá com sua campanha de vacinação "o mais rápido possível" e advertiu que a terceira onda da pandemia que atinge a Europa atualmente também pode afetar seu país.
Lançada em 8 de dezembro, a campanha britânica de vacinação faz uso dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca/Oxford. Permitiu que mais de 27,6 milhões de pessoas recebessem pelo menos uma primeira dose até o momento, ou seja, mais da metade dos adultos no país.
* AFP