Arqueólogos peruanos descobriram um mural indígena de mais de 3,2 mil anos de antiguidade em um centro cerimonial que foi parcialmente destruído por agricultores no norte do Peru, informaram pesquisadores.
— Encontramos casualmente um mural de mais de 3.200 anos de antiguidade em uma 'huaca' pré-hispânica, situada em um terreno agrícola da região de La Libertad — disse à AFP o arqueólogo Feren Castillo.
— O mural tem a figura de uma aranha com uma faca, e se encontra em um edifício de aproximadamente 15 metros de diâmetro por 5 metros de altura da 'huaca' — explicou Castillo.
A pintura fica sobre um fundo branco e os desenhos das figuras se destacam pelas cores ocre, amarela, cinza e branca.
— Uma das evidências desta estrutura arqueológica é que sua localização é estratégica por estar perto do rio. A iconografia que estamos observando a olho nu porque ainda não foram feitas pesquisas, é que foi um templo dedicado às divindades da água — disse à agência Andina o arqueólogo Régulo Franco — conhecido por encontrar o fardo funerário da Senhora de Cao, considerada uma das mulheres mais poderosas do período pré-hispânico.[
A descoberta ocorreu por acaso há duas semanas em um terreno agrícola do vale da província de Virú, região de La Libertad, 500 km ao norte de Lima. No terreno, com apoio de máquinas, agricultores semearam abacates e cana-de-açúcar, destruindo parte do patrimônio.
— Nós pedimos ao ministério da Cultura que intervenha, mas com a pandemia é difícil — manifestou Castillo.
A cultura Cupisnique, descoberta por Rafael Larco em 1930, se desenvolveu durante a Época Formativa, há três mil anos, nos vales de Virú e na região de Lambayeque. A aranha é uma divindade própria da cultura Cupisnique e aparece com mais frequência em seus vasos e pratos de pedra. A imagem é associada à fertilidade.