Os ugandeses votam nesta quinta-feira (14) para eleger um novo presidente, em uma eleição tensa, marcada pela violência da campanha eleitoral e na qual o jovem cantor e deputado Bobi Wine desafia o atual presidente Yoweri Museveni, que aspira a um sexto mandato após 35 anos no poder.
Os 18 milhões de eleitores deste país, onde três quartos dos 44 milhões de habitantes têm menos de 30 anos, votam entre duas gerações.
Por um lado, Museveni, de 76 anos, no poder desde 1986, que parece o grande favorito. Na África, apenas Teodoro Obiang Nguema, na Guiné Equatorial, e Paul Biya, em Camarões, passaram mais tempo do que ele no poder sem interrupção.
Do outro, Wine, 38 anos, que aproveitou sua popularidade entre os jovens das cidades e se tornou seu grande rival, dentro de uma oposição dividida que apresenta cerca de dez candidatos contra o Movimento de Resistência Nacional (NRM), o partido hegemônico no poder.
"Museveni é meu candidato", disse Ceria Makumbi, uma empresária de 52 anos, após votar. "Porque deu estabilidade ao país e promoveu educação primária, universidade gratuita, construiu hospitais e estradas".
Mas, na favela de Kamwokya, onde Wine é muito popular, Joseph Nsuduga espera que haja uma alternância.
"Durante anos, os líderes deste país disseram que iriam garantir meu futuro, mas não garantiram. Agora, quero uma mudança para meus filhos", disse este motorista de 30 anos.
Desde terça-feira, as autoridades de Uganda suspenderam redes sociais e aplicativos de mensagens.
O presidente explicou que a medida era uma resposta ao fechamento pelo Facebook de várias contas ligadas ao poder e acusadas de influenciar, de forma enganosa, o debate público.
A decisão do governo de Uganda foi lamentada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Esta decisão foi tomada após uma campanha particularmente violenta marcada por prisões, violência e mortes de várias dezenas de pessoas.
Em novembro, 54 pessoas foram mortas pela polícia em distúrbios provocados por uma das inúmeras prisões de Bobi Wine.
Além disso, nos últimos tempos, jornalistas, críticos do governo e observadores também tiveram problemas para realizar seu trabalho normalmente no país.
Argumentando que estabeleceu restrições para conter a pandemia de coronavírus, o governo também proibiu vários comícios da oposição, enquanto Museveni gozou de ampla visibilidade na mídia, graças à sua posição.
"Eu continuo a encorajar os ugandeses a irem votar", pediu Wine nesta quinta-feira, depois de depositar sua cédula em um colégio eleitoral nos arredores de Kampala, a capital.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua "preocupação com a violência e a tensão que precederam a votação e pediu a todas as partes que não recorram ao ódio, intimidação e violência", segundo seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
* AFP