Os autores do sequestro de centenas de estudantes de ensino médio na Nigéria, na última sexta-feira (11), foram criminosos contratados pelo grupo jihadista Boko Haram - disseram diferentes fontes à AFP.
Segundo as autoridades, 333 adolescentes continuam desaparecidos desde o ataque ao internato em Kankara, no noroeste do país. Os moradores afirmam, no entanto, que mais de 500 adolescentes estão nas mãos de seus sequestradores.
Na terça-feira, o chefe do Boko Haram, Abubakar Shekau, reivindicou a autoria do sequestro, que ocorreu a centenas de quilômetros da área onde o grupo extremista opera.
Este anúncio foi interpretado como prova da expansão territorial do grupo.
O sequestro teria sido coordenado por três bandidos: Awwalun Daudawa, Idi Minoriti e Dankarami, informaram fontes de segurança à AFP.
"De acordo com as informações disponíveis, Abubakar Shekau ordenou a Awwalun Daudawa sequestrar os estudantes. Este pediu ajuda a Idi Minorti e a Dankarami", relatou a mesma fonte, que conhece as gangues criminosas que operam na região.
Há quase dez anos, o noroeste e o centro da Nigéria são vítimas da violência de grupos criminosos, que multiplicam os sequestros para obter resgates e roubam o gado.
Nos últimos anos, porém, alianças foram estabelecidas entre esses homens armados do noroeste e grupos jihadistas do nordeste, entre eles o Boko Haram.
Awwalun Daudawa, de 43 anos, era originalmente um ladrão de gado que se tornou traficante de armas, segundo uma fonte de segurança. Ele comprava armas na Líbia e as vendia no norte da Nigéria para grupos criminosos, ou jihadistas.
- Sequestro das estudantes em 2014 -
Este sequestro reacendeu a lembrança do sequestro de Chibok em 2014, quando 276 meninas foram levadas pelo Boko Haram. À época, houve uma grande reação internacional nas redes sociais, através da hashtag BringBackOurGirls (Devolvam nossas meninas, em tradução livre).
"O sequestro de Kankara é diferente do das estudantes de Chibok, que estavam diretamente sob a custódia do Boko Haram", explica uma das fontes de segurança.
O governador do estado de Katsina, Aminu Bello Masari, disse na segunda-feira à noite que os sequestradores "entraram em contato com o governo".
Os adolescentes sequestrados foram levados para o estado vizinho de Zamfara e separados em vários grupos, segundo depoimentos dos que conseguiram fugir.
Fontes de segurança disseram que existe um pacto de não-agressão entre os grupos criminosos e o governo do estado de Zamfara. Este acordo pode explicar a libertação de 17 estudantes na noite de segunda-feira por um dos grupos.
O governo federal não se expressou desde a reivindicação do Boko Haram na terça-feira.
As críticas se dirigem contra a Presidência e o Exército, já que o presidente Muhammadu Buhari foi eleito em 2015 com a promessa de acabar com a insurgência jihadista.
* AFP