O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou, nesta quinta-feira (10), durante uma visita a Baku que a "luta" do Azerbaijão, seu aliado, contra a Armênia não terminou, mesmo após sua vitória no conflito em Nagorno Karabakh.
Sua viagem a este país do Cáucaso muçulmano e de língua turca ocorre um mês depois da derrota militar da Armênia, que teve de ceder territórios importantes em Nagorno Karabakh e seus arredores, no âmbito de um acordo que pôs fim às hostilidades.
A república autoproclamada, em território azerbaijano e hoje povoada quase exclusivamente por armênios, continuará existindo, embora enfraquecida e reduzida, mas sem que o acordo negociado por Moscou resolva seu status.
Soldados russos de manutenção da paz foram enviados à região.
"O fato de o Azerbaijão ter salvado suas terras da ocupação não significa que a luta acabou", declarou Erdogan, em um discurso durante um desfile militar em Baku.
"A batalha no âmbito político e militar agora vai continuar em outras frentes", proclamou.
Convocando os líderes armênios a "serem razoáveis" após sua derrota na guerra de seis semanas travada no outono, ele garantiu que a recuperação do controle do Azerbaijão em vários territórios "será apenas o início de uma nova era" nesta região montanhosa.
A Armênia "tem que se dar conta de que não obterá nenhum resultado com as mensagens de encorajamento dos imperialistas ocidentais", acrescentou o presidente, cujo país é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Erdogan também acusou Erevan de cometer crimes de guerra em Nagorno Karabakh.
Nesta quinta, a ONG Anistia Internacional pediu investigações independentes para identificar os autores de crimes de guerra cometidos pelo Azerbaijão, ou pelas forças armênias, e "levá-los à Justiça".
- O apreciado apoio turco -
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, agradeceu pelo apoio inabalável de Ancara neste conflito, que "deu confiança ao povo do Azerbaijão".
"A Armênia não esteve em posição de se medir conosco - nem do ponto de vista econômico, nem militar", comemorou.
A recente vitória de Baku, armada pela Turquia, permite a Ancara reforçar seu peso geopolítico no Cáucaso, uma zona de interesse russa.
"O Azerbaijão não teria sido capaz de obter um êxito militar em Karabakh sem o aberto apoio político da Turquia", disse à AFP o analista Elhan Shahinoglu, do "think tank" Atlas, com sede em Baku.
Para ele, sem o apoio de Erdogan, a Rússia, potência regional e aliada da Armênia, teria pressionado Baku e encerrado os combates, como foi o caso em outros confrontos dos últimos anos.
- 'Uma nação, dois Estados' -
Essa humilhante derrota para a Armênia, que venceu as forças do Azerbaijão em uma primeira guerra na década de 1990, provocou a ira de Erevan, onde a oposição milita e se manifesta quase diariamente pedindo a renúncia do primeiro-ministro Nikol Pashinyan.
A Armênia acusou a Turquia de se envolver diretamente nos combates, o que Ancara nega.
Geralmente simbolizada pelo slogan "Uma nação, dois estados", a aliança entre Turquia e Azerbaijão foi criada quando Baku se tornou independente da URSS, em 1991, e se fortaleceu sob a presidência de Erdogan.
No âmbito desta cooperação política, econômica e militar, a Turquia ajudou o Azerbaijão a treinar e equipar seu Exército, além de facilitar suas exportações de hidrocarbonetos para a Europa, sem passar pela Rússia.
* AFP