Milhares de armênios, liderados pelo primeiro-ministro Nikol Pachinian, desfilaram nesta sábado (19) em Yrevan em memória das vítimas do conflito com Azerbaijão em Nagorno Karabakh, em um contexto de tensões exacerbadas no país.
O desfile ocorre em um momento em que Armênia entra em três dias de luto, para homenagear as vítimas desse conflito mortífero, que durou seis semanas e terminou com um acordo em 9 de novembro de cessar-fogo, com a derrota da Armênia.
Desde então, a tensão no para de aumentar sobre o debilitado primeiro-ministro, chamado de "traidor" pela oposição, que exige sua renúncia.
"Toda a nação viveu e vive um pesadelo", disse Nikol Pashinyan em um discurso em vídeo, antes de liderar o cortejo para um memorial onde as vítimas serão enterradas.
"Às vezes parece que todos nossos sonhos foram quebrados e nosso otimismo destruído", afirmou o líder.
Por sua vez, vários críticos do primeiro-ministro estimaram neste sábado que ele deve se manter longe do monumento.
"Não deve profanar os túmulos de nossos filhos", disse à imprensa Missak Avetissian, que perdeu seu filho neste conflito.
Segundo ele, Pachinian deveria ficar "de joelhos e pedir perdão" às vítimas.
A oposição, que pede uma greve geral a partir de 22 de dezembro para obrigar Pachinian a renunciar, organizou neste sábado uma contra-manifestação.
"Esta guerra podeira não ter acontecido", afirmou o ex-primeiro-ministro Vazguen Manoukian, proposto pela oposição para substituir Nikol Pachinian. "A guerra terminou, mas continuamos perdendo todos os dias", resume, culpando especialmente o primeiro-ministro pela derrota da Armênia de "todos os seus aliados".
- Este homem deve ir -
Pashinyan chegou ao poder por meio de uma revolução pacífica em 2018, que viu nele a possível substituição das corruptas elites pós-soviéticas. Mas após a derrota das forças armênias contra o exército azerbaijano em Nagorno Karabaj, ele está sendo muito criticado.
Mais de 5.000 pessoas, incluindo civis, morreram nos dois países ex-soviéticos nos confrontos que começaram no final de setembro neste enclave, de maioria armênia, no Azerbaijão.
Em 9 de novembro foi firmado um acordo de paz, humilhante para a Armênia, que consagra a vitória do Azerbaijão em territórios importantes.
Desde então, a oposição se manifesta quase diariamente para exigir a renúncia do primeiro-ministro, e convocou uma greve geral a partir de 22 de dezembro.
* AFP